Não somos anjos
Bom, em miúdos, a história é sobre um projeto de biofísica que reproduziu em laboratório o Big Bang e teve a sua reprodução roubada (no cinema essas coisas são possíveis), e esse "pequene explosivo in vitro" passa a ser usado como uma bomba para botar o Vaticano pelos ares. O motivo? Vingança da sociedade secreta “Illuminati”, formada por cientistas que desafiaram os dogmas da igreja católica e foram perseguidos e executados no século XVI. Um deles foi Galileu. Então, depois de alguns poucos anos, eles resolveram se vingar. Aí o Sherlock Holmes, digo, James Bond, perdão, Robert Langdon foi chamado para desvendar os enigmas lançados pelos “terroristas”.
Agora eu tenho que dizer o que eu achei né? Tá bom... Achei coisa demais espremida num looooooooongo filme de umas 3 horas de duração que mais parecem 6. Parece aquelas revisões pro vestibular em ginásio de esportes que a cidade inteira vai levando um quilo de alimento não perecível. Eles poderiam ter simplificado a história, cortado metade daqueles detalhes, e feito um filme mais coeso, ou então fazer seqüências. O filme joga muita informação em curtíssimos períodos de tempo, muitos detalhes históricos, que a gente não sabe se são verdades, lendas, mitos, boatos, calúnias ou invenções, e fica tudo muito difícil de acompanhar. Acho que ficar bem perto da tela e ouvir diversos termos em inglês que eu desconhecia (coisas tipo camerlengo, que não se aprende em curso, nem ninguém fala a respeito no dia a dia) também não ajudou. Eu tinha que muitas vezes escolher entre ler a legenda ou ver o filme. Muita coisa para se processar. Perdi o foco muitas vezes.
Além disso, o excesso de reviravoltas também irrita. Eu já acompanhei 5 temporadas de Lost e 3 de Heroes, e garanto que não tenho mais paciência para histórias com tantas mudanças de rumo. Quando a gente cria empatia com uma causa ou personagem, eles mudam tudo e deixam a gente com cara de tacho. Eu me sentia às vezes como personagem de desenho animado, que cresciam as orelhonas de burro: “por que eu não percebi isso?”. Mas a culpa não é nossa, a história foi feita pra isso. No terço final a gente se acostuma e passa até a adivinhar quando vai ter outra...
O filme também cansa (pelos motivos citados anteriormente) e o roteiro ainda nos brinda com aquele excesso de finais. Tem no mínimo uns 4 desfechos, e a história de fato não acaba. E pra finalizar, também não concordo com a teoria do autor. Ele não se decide quem é o seu anjo ou o demônio. Ciência ou religião? Hora um é vilão, depois a história muda de figura, e no final ele conclui com um “não somos anjos”. Olha, essa teoria de que um não pode andar sem o outro a mim não convence muito. Eu definitivamente não tenho argumentos para discutir ou problematizar (e detesto o assunto), mas os apresentados no filme também não convencem.
Dessa vez eu não posso dizer quem é melhor ou pior, se o filme ou o livro. Mas eu posso dizer que esse filme é melhor que “O Código Da Vinci”. É um bom filme de ação, tem um bom ritmo, mas a lavagem cerebral de fundo me incomoda, como já falei. Provavelmente se eu tivesse lido o livro a minha opinião sobre ele seria outra, certamente teria apreciado mais a obra literária, mas a história do “Código” me pareceu muito mais interessante, apesar do filme ser mais fraco. E acho que essa dúvida deve persistir, já que o filme não me despertou interesse pelo livro.