Seção CINEMA // Crítica Gran Torino
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Seção CINEMA // Crítica Gran Torino


Gran Tollette

Gran Torino


Nota: 3,0


Foi com muita alegria e satisfação que eu conferi a nova obra-prima de Clint Eastwood. Depois de ver Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, eu jurei por todos os santos que não veria mais nada vindo dele. Como eu não valho uma cocada azeda em fim de feira, vi A Troca. Que os orixás tenham compaixão da minha alma, mas eu gostei... Embalado, fui ver Gran Torino. Alegria de pobre dura pouquíssimo...

Querem saber sobre a história, né? Eu conto: um ser abominável (veterano da guerra da Coréia, republicano, moralista, machista, racista, xenófobo, rabugento e mal-humorado) fica viúvo. Deve ter matado a infeliz de desgosto... Ele não se dá bem com os dois filhos. Como filho de peixe, peixinho é, são duas víboras. Dois oportunistas. Aí ele vive sozinho, já que não tem alma na face da Terra que queira esse desafeto por perto. Ele mora na sua antiga casa no subúrbio, que já virou um bairro de imigrantes vietnamitas. Evidentemente, ele não se dá bem com a vizinhança, que não gosta dele. Também não há nada pra se gostar... E ele resiste em se mudar de lá.

Um belo dia, ele muito bem-humorado, serelepe e faceiro, pega sua espingarda pra espantar os vizinhos que pisaram em cima da sua grama. Só que na verdade ele acabou com uma ação de uma gangue e se não já bastasse ser herói aclamado e idolatrado de guerra (ô nojo...), ele ainda vira um herói da vizinhança. O Clint gosta de viver heróis no cinema. Acho que infla o ego dele, porque provavelmente é assim que ele se sente e tenta projetar isso nos filmes. Besta é quem acredita...

Lá pelas tantas ele acaba se envolvendo com o rapaz vizinho, um tal de Thao, e acaba criando uma empatia com ele. Até ensina o rapaz a ser grosseiro e desprezível igual a ele. Só que a família é constantemente atormentada pela tal gangue, e enfim chega o momento que todos nós estávamos esperando: lá vai o nosso super-herói (americano, como não podia deixar de ser) salvar o mundo das forças do mal mais uma vez!!! Que emoção!!!


O Clint é um moralista de carteirinha e eu me espanto como ele demonstra isso nos filmes. Ele é o típico herói de velho oeste, indestrutível e incasável. Ele, velho doente e escarrando sangue, enfrenta gangues sozinho. A ferro e fogo! E ainda leva a melhor. Isso é que eu chamo de ser seguro de si. É até mais patético que Rambo, porque o Stallone pelo menos não tem cabelos brancos aparentes nem manca ainda. Sempre carrega consigo a bandeira da moral e dos bons costumes, dos valores de família, da honra e o amor pela pátria, a Terra da liberdade. Batendo tudo isso no liquidificador com um pouquinho de fermento, assando no forno e a gente tem aí a receita perfeita para um delicioso bolo de hipocrisia. Até dá para decorar com glacê pra ficar mais bonitinho.

Seus filmes normalmente são uma colagem sucessiva de clichês. Esse não é diferente. E no final ele ainda dá uma de Jesus Cristo. Só pra ter noção, em um determinado ponto do filme, tem um diálogo entre ele e a vizinha vietnamita. Ela fala que é bom tê-lo como um exemplo para o irmão (???!), reclamando que o pai deles é tradicional e fechado. O Clint replica: mas eu também sou. A infame responde: mas você é americano! Fiquei com ódio e desliguei a porcaria pra passar a raiva. Só consegui ver o restante no dia seguinte. Vá pastar meu amigo! Ainda bem que pelo menos no Oscar ele foi solenemente ignorado.

Claro que o filme é todo dramático, tem um ritmo bom, a história flui e vai rumo ao final lacrimejante. Se você conseguir passar batido por essas mensagens, vai gostar, mas se conseguir ler esses absurdos nas entrelinhas, vai ver o tamanho do lixo que essa bomba realmente é. Esse é anunciado como seu último filme como ator. Sinceramente, se é por falta de adeus...



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