O Rei Leão
Bom, dessa vez ele resolveu contar a história do Nelson Mandela, feito pelo Morgan Freeman, e o seu envolvimento com a equipe sul-africana de rúgbi. Como ele transformou um esporte de brancos, e uma equipe ruim da elite da África do Sul em símbolo nacional, motivo de orgulho de todos, e razão de integração entre todos os povos sul-africanos.
O roteiro me incomodou muito. Transformaram Nelson Mandela num livro de auto-ajuda ambulante, distribuindo conselhos e lições de vida aos quatro ventos. Mais parecia Chico Xavier. E tudo bem que o filme é sobre esporte, mas também parecia que rúgbi era sua prioridade total durante seu mandato, porque é tudo com o que ele se preocupa durante toda a história. Até mesmo quando ele é indagado sobre outras coisas, ele muda de assunto pra falar sobre rúgbi. Mandela merecia mais.
A maioria das cenas é quase amadora de tão ridiculamente óbvias. Diálogos de peça de colégio. Bem piegas mesmo. Tipo a cena do ingresso a mais, a da cerveja no vestiário (a pior de todas), a cena do pódio, e muitas outras. E a gente que é do Brasil sabe muito bem que quando a classe alta torce por favelado é quando tem jogo da seleção. Depois tudo volta ao normal. Então nos fazer acreditar que uma copa do mundo de rúgbi acabou com as seqüelas da apartheid é ridículo. No fim do jogo, o branco voltou pra sua mansão e os negros pros seus bairros marginalizados, e tudo voltou ao normal. Só faltou a varinha de condão na mão do Mandela de Eastwood que o faz catalisar transformações sociais.
E nem vem dizer que é spoiler, porque todo mundo que entende de esportes ou viu o noticiário nos anos 90 sabe que a África do Sul ganhou a copa do mundo. Até no cartaz do filme dá pra deduzir. E todos os clichês de filmes de esportes estão ali. A câmera lenta nos momentos decisivos, aquela trilha sonora que poderiam trocar por “We Are The World” e daria o mesmo efeito, focalizar a reação e emoção de todos os (vários) personagens que têm o mínimo de importância pra história. Acho que só essa cena final do filme durou uns 15 minutos pra todos os clichês caberem direitinho dentro.
Morgan Freeman tem sido indicado a todos os prêmios, mas pra mim a explicação é desconhecida. Ele tá péssimo, caricato. Tudo bem que o roteiro não o ajudou nem um pouco, mas ele nem lembra o Nelson Mandela, mesmo imitando seus trejeitos. Eu olhava e só conseguia ver o próprio Morgan Freeman mesmo, ou alguém fazendo uma má imitação num programa de comédia decadente. Nem o Matt Damon está tão bem assim também. Se dependesse de mim o filme não seria indicado a nada.