Segredos ao vento
Um Segredo Entre Nós // Fireflies in The Garden
Nota: 8,0
Meu TCC na faculdade foi sobre cartazes de filmes. Aprendi várias coisas durante o processo. E uma delas é que o cartaz normalmente, para mim, já diz ao certo se eu gostarei ou não do filme. As disposições das informações e dos elementos gráficos dizem muito sobre a produção e o seu estilo. E eu achei o cartaz desse filme lindo. E sabia desde o início que iria gostar, mesmo não lendo nem a sinopse.
O filme é dirigido por Dennis Lee, que eu nunca ouvi falar. O Google velho de guerra me disse que ele é meio que um faz tudo. Escreve, dirige, atua, produz e faz efeitos especiais. Geralmente esse pessoal não é ótimo em nenhum deles, mas esse filme é bom. No elenco tem várias caras conhecidas como Ryan Reynolds, que casou com a Scarlet Johansson, e parece que resolveu mudar a carreira e tem escolhido uns filmes mais interessantes pra fazer, a super-estrela Julia Roberts, o ótimo Willen Dafoe, que é pouco reconhecido pelo público, talvez por fazer muitos vilões, a inglesa Emily Watson, que já foi indicada duas vezes ao Oscar, e a Hayden Panettiere, a cheerleader do seriado Heroes.
A história é sobre um escritor que volta pra casa e acaba tendo que encarar a morte repentina da mãe e se revive a relação tumultuada que tinha com o pai e fica no dilema se deve ou não publicar seu livro autobiográfico. Apesar de ser uma boa história, o roteiro se embaralha e ficam alguns assuntos pendentes ou mal resolvidos, como o tal segredo do título por exemplo. O fim fica um tanto vago, como se ainda faltassem 10 minutos de filme, mas ainda assim um bom filme.
A única coisa que me incomodou de fato no filme, é o comportamento antiecológico habitual de Hollywood. Há três cenas em que isso fica bem claro, tipo na cena da pescaria e do vaga-lumes no jardim (do título original) onde animais são maltratados para pura diversão, e a outra cena é a da velha torneira derramando sem parar e sem uso. Daqui a alguns anos, quando a água substituir o petróleo como o bem mais escasso e necessário do planeta, os EUA vão terminar invadindo o Brasil...
Onde Vamos Parar?
Última Parada 174
Nota: 7,0
O cinema nacional deu uma melhorada considerável. A quantidade de produções multiplicou-se e a qualidade nem se compara com os filmes que o Brasil produzia nos anos 80. Mas se a gente passou da fase de produzir pornochanchadas de quinta categoria, agora ficamos especialistas em outros dois estilos. Estagnamosou nos temas pobreza/criminalidade e comédias iguais a tudo que passa na Globo à noite durante a semana. Os incontáveis filmes do Didi e da Xuxa a gente nem considera... Lógico que o primeiro tema (criminalidade) é o mais louvável aos olhos do grande público e da mídia. E o mais engraçado disso tudo é que os filmes são todos feitos por jovens cineastas que nunca viveram nada disso. Acho que foi o irmão do Walter Salles (diretor de Central do Brasil, o melhor filme nacional que eu já vi) que disse que tudo isso não passa de uma forma de um monte de riquinhos falarem sobre miséria para se redimir da culpa. Concordei com a frase apesar de não ter muito argumentos para discutir sobre o tema. Conversando com uma amiga sobre o assunto, a gente concluiu que logo, logo o caso Eloá vira filme. Acho que tudo isso já passou do nível de crítica social para virar espetacularização, ou até banalização, da violência. O auge disso tudo pra mim continua sendo Tropa de Elite, em que o troglodita do Capitão Nascimento virou até ícone pop. Por um tempo só, amém!
O filme é sobre o seqüestro de um ônibus no Rio que virou espetáculo jornalístico em 2000. Faz uma recapitulação da vida dos indivíduos envolvidos direta e indiretamente até o dia da tragédia. O elenco tem um monte de desconhecidos que eu nunca vi (como de usual) e são todos bons para o devido fim, mas não acho que teriam grande sucesso indo para outro tipo de produção. O melhor momento do filme, pra mim, é durante seqüestro, quando uma moça fica falando no celular e discutindo com o bandido no ônibus. Trouxe um certo toque de leveza que o filme precisava desde o início. Concluindo, o filme é bom, mas é bem mais do mesmo. Duvido muito que receba a indicação ao Oscar.
Amigo da onça
Amigos, Amigos, Mulheres à Parte // My Best Friend’s Girl
Nota: 4,0
O verão americano sempre nos presenteia com uma enorme quantidade de produções “cômicas” para agradar em cheio o senso de humor da maior parte do público. Ou seja, filmes cheios de piadas grosseiras. O diretor da preciosidade, Howard Deutch, fez um dos meus clássicos teen preferido dos anos 80 (A Garota de Rosa Shocking) e também fez Virando o Jogo com o Keanu Reeves que eu gostei na minha adolescência. Não sei ao certo qual seria minha avaliação agora depois de tanto tempo sem vê-lo.
Bom, a história é sobre um cara (Dane Cook) que trabalha como “prestador de serviços” para homens. Não, ele não é garoto de programa. Esse tipo de filme é muito moralista para aceitar homossexualismo numa boa. Ele sai com as ex-namoradas dos caras e faz uma coleção de grosserias, levando-as a crer que abandonaram o melhor homem que já encontraram na sua vida. Nobre, não? Eu não achei... Bom, no meio disso, ele é contratado pelo insuportável do seu melhor amigo (o Jason Biggs de American Pie) para que ele faça um milagre: uma menina que não quer nada com ele (Kate Hudson) achar que ele é o melhor homem do mundo e que está apaixonada. Não precisa ser nenhum gênio, nem ter bola de cristal (muito menos búzios) pra saber o que acontece depois. Se alguém aqui não conseguiu adivinhar, pode deixar que eu conto: ele se apaixona por ela.
O filme tem um elenco teoricamente bom de comédia. Kate brilhou em Quase Famosos, que quase a deu um merecido Oscar, mas só fez porcaria depois. Ela não é um caso isolado em Hollywood... Jason era o melhor ator de longe na franquia American Pie, e parece que meio se perdeu depois disso. Na verdade não evoluiu. Ficou nas baboseiras. E tem o Dane Cook que eu achei péssimo nesse filme. O primeiro dele que eu vejo, sendo sincero. Carisma zero e totalmente arrogante. Se isso era uma característica da personagem, até que ele não é tão mau ator assim, mas não é nenhum Jason Biggs, por exemplo. E ainda tem o Alec Baldwin fazendo uma pontinha e queimando o filme (o dele, sem trocadilhos).
Pra não dizer que o filme é de todo mau, a trilha sonora é ótima. Cheia de músicas dos anos 70 e 80, tipo The Cars, Tom Petty, John Hiatt e The Kooks.