Cinema
Sitges, um festival fantástico (parte I)
De todos os festivais do fantástico que existem na Europa, e são mais de 30, o festival de Sitges ocupa um lugar único. Por um lado é o mais antigo – completou quarenta anos este ano – como é o que tem uma estrutura e uma diversidade de secções que o colocam bem acima da concorrência. Este ano não foi excepção e o Antestreia esteve presente com dois enviados sendo o único orgão de empresa português a dar o destaque que o festival exige.
Os quarenta anos do festival decorreram sob a égide dos 25 anos de "
Blade Runner". Para assinalar a efeméride Douglas Trumbull, Rutger Hauer, Syd Mead e Charles de Lauzirika estiveram presentes e animaram classes magistrais. A culminar o aniversário a exibição da cópia final, e espera-se que definitiva, de "
Blade Runner".
Comecemos pelo filme. Seria bom relembrar que na primeira versão Ridley Scott fora despedido da produção e que por isso o resultado final correspondia aos desejos dos produtores, mas não à vontade de Scott. Posteriormente tinha saído uma cópia avalizada por Ridley Scott e entitulada "Director’s Cut" onde foram introduzidos apenas alguns minutos extra. O mais fascinante de "
Blade Runner" é a sua incrível actualidade, como se o tempo não tivesse passado. E ver mais de mil pessoas numa sessão matinal de semana a apreciar o filme é prova que os filmes de culto são eternos. A Classe Magistral de Douglas Trumbull permitiu desvendar alguns dos impressionantes efeitos e a forma barata e engenhosa como foram produzidos, misturando inclusivé modelos em formato reduzido e edifícios reais e reciclando protótipos e técnicas de "
2001" e "
Close Encounters of Third Kind". Com a curiosidade de as chamas dessa Los Angeles futurista serem usadas por Antonioni em "
Zabriskie Point". Foi o momento do mais fantástico cinematográfico, uma aula viva de cinema, só comparável a Rutger Hauer a recitar o monólogo final do Replicante.
Os convidados
Sitges tem a enorme vantagem de estar perto de Barcelona não é pois difícil convencer as pessoas relevantes do cinema a deslocarem-se ao festival. Este ano a lista de convidados como sempre foi agrado geral. Além dos cineastas espanhóis que marcam presença obrigatória – Jaume Balagueró, Paco Plaza, J. A. Baiona, entre muitos da nova geração e também os consagrados como Vicente Aranda – quase todos os realizadores dos filmes em competição estiveram a promover os seus filmes com concorridas conferências de imprensa e photocalls. A destoar desta onda festiva apenas os antipáticos representantes de “Stardust” que recusaram todas as obrigações inerentes a um convite para um festival de cinema. Para dar mais cor e animação nada melhor que actrizes na moda como Sydney Poitier, Zoe Bell, Mena Suvari que com os seus encantos e simpatia conquistaram o público e os críticos como as fotos abaixo documentam.
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Sydney Poitier e Zoe Bell foram o ponto alto do segundo núcleo em que Sitges este ano se estruturou – a homenagem a “Grindhouse” – não só como a exibição do filme na versão americana e que foi complementado com as homenagens a dois cineastas italianos a quem Tarantino não regateia elogios: Enzo G. Castellari e Ruggero Deodato e a apresentação em competição do divertido “Sukiyaki Western Django”, uma surpreendente incursão de Takashi Miike nos western spaghetti e dessa figura mítica que é Franco Nero.
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