Elenco: Michel de Souza, Marcello Melo Junior, Chris Vianna, Gabriela Luiz, Anna Cotrim, Vitor Carvalho, Hyago Silva, Tay Lopez, André Ramiro
Roteiro: Bráulio Mantovani
Duração: 110 min.
Minha nota: 6/10
O último conferido na Mostra foi Última Parada 174, o representante brasileiro entre os 67 títulos estrangeiros que concorrem às cinco vagas dos finalistas indicados ao Oscar de filme estrangeiro.
O filme conta a história de uma das atuações mais polêmicas da polícia em situações de seqüestro e chega após o desfecho de um outro crime com reféns, um final trágico e uma atuação imprecisa da polícia, que não soube negociar e agiu demonstrando o despreparo de seus agentes.
Sandro é um garoto pobre, apaixonado por rap e que tem que encarar a vida depois da violenta morte de sua mãe. Depois de morar com uma tia, com meninos de rua na Candelária (aqueles mesmos que foram assassinados no meio da noite), em um abrigo para menores, em um centro de detenções para menores, na casa de um parceiro de crime e na casa de uma mãe que nunca foi a sua, ele termina sua vida, após fugir da polícia em um ônibus e fazer vários reféns, dentro de um camburão.
O fim da vida de Sandro foi acompanhado por todos nós em todas as redes de televisão. O seqüestro ocorreu em 12 de junho de 2000 e teve um desfecho trágico, com a polícia matando a refém a tiros e o seqüestrador por estrangulamento a caminho da delegacia.
O filme conta essa história, mas destaca a vida de Sandro, desde sua infância e tem um dos focos principais no relacionamento dele com Alessandro, o filho de Marisa, tomado da mãe ainda bebê pelo traficante do morro por causa de uma dívida de drogas. Os dois meninos seguem caminhos diferentes, mas fazem as mesmas coisas e acabam se encontrando no futuro.
A boa história é trabalhada adequadamente pelo sempre competente Bráulio Mantovani e encontra nas atuações seu ponto forte. Tanto os dois meninos, como a mãe e o pastor estão excelentes nos papéis.
Mas isso não é o suficiente para fazer de Última Parada 174 um filme inesquecível. O tempo do filme parece ser muito maior do que é na verdade e muitas seqüências são exageradas e desnecessariamente longas.
O ritmo alterna várias vezes. O começo é agitado, o meio é lento e o final é frenético. Essa irregularidade incomoda bastante os espectadores, mas não faz com que o resultado final seja um completo desastre.
A fotografia de Antoine Héberlé é bem interessante e a trilha sonora de Marcelo Zarvos não vacila muito.
O filme ainda consegue ser mais do que menos, principalmente se pensarmos que a história foi repetida milhares de vezes na época do acontecido e já foi o tema do documentário Ônibus 174, de José Padilha.
Ao meu ver, não é a melhor escolha para representar o Brasil no Oscar, já que este ano tivemos excelentes produções como o perturbador Estômago e o belo Chega de Saudade. Em todo caso, vamos ficar na torcida.
Menos cinema e mais Cecilia Eu, particularmente, sempre acho perigoso esse negócio de tentar amenizar atos criminosos com a história de vida de seus praticantes, mas vale a pena conhecermos para pensar no que fazemos ou podemos fazer para melhorar uma sociedade em colapso, onde o sentimento imperante é o ódio.
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