O que fazer se as coisas saem diferente do que esperamos? E o que fazer quando temos que conviver com uma realidade que não conhecemos? O medo, o preconceito e a insegurança são alguns dos muitos temas tratados no drama argentino XXY.
Um casal e seu filho vem de Buenos Aires para conhecer a jovem Alex. Hermafrodita vive em um corpo de menina, como a mãe quer, mas seus sentimentos são muito confusos. Enquanto a família esconde sua filha do mundo e tenta decidir o futuro da menina, ela descobre o amor, sofrendo ainda mais com sua realidade.
O filme é denso e, além das boas interpretações do elenco, conta com uma construção detalhada e às vezes escancarada da complexidade da história de vida de Alex. Os desenhos da menina, a boneca e a tartaruga ferida são partes incômodas, mas fundamentais para a trama.
A fotografia é bem competente e aproveita as belas paisagens do extremo sul do Uruguai. A trilha sonora também é muito boa.
Inés Efron, que por acaso tinha 25 anos no ano de filmagem, está ótima na pele da confusa Alex, assim como Martín Piroyansky como o jovem Alvaro, um menino que parece não chamar a atenção de ninguém. Ricardo Darín também está muito bem como o contido pai.
Em seu primeiro longa-metragem, Lucía Puenzo surpreende ao demonstrar tanta qualidade e segurança, mas é justamente na inexperência que deixa seu filme escorregar. Sequências longas demais ou desconexas e algumas passagens insistentes acontecem vez ou outra.
O problema se agrava com a chegada do final e uma das cenas mais importantes do filme, a conversa na fogueira, acontece como se fosse um remendo e perde muito de sua força.
Apesar dos defeitos, o roteiro é tão interessante e tem tantos aspectos a serem explorados que não pode deixar de ser visto.
Questões como o amor paterno, a agressividade do ser humano, o medo do diferente e a falta de comunicação deixam o espectador atento a cada movimento da trama e provocam a simpatia e a repulsa por determinados personagens.
Uma boa pedida quando a vontade for de pensar um pouco mais na incompreensão do ser humano.
Um Grande Momento
"Você fez a denúncia?"
Prêmios e indicações(as categorias premiadas estão em negrito)
Cannes: Grand Golden Rail, Semana da Crítica
Goya: Filme Estrangeiro em Língua Espanhola
Festival Internacional de São Paulo: Júri Internacional
- Crítica - La Mujer Sin Cabeza (2008)
Realizado por Lucrecia Martel Com María Onetto, César Bordón, Inés Efron, Daniel Genoud Se em 2007 a Argentina entregou, pela mão de Lucia Puenzo, um dos grandes filmes independentes da década, XXY (o melhor espelho contemporâneo acerca da descoberta...
- Lluvia
(Lluvia, ARG, 2008) O longa argentino Lluvia usa dias de chuva e um encontro acidental para falar sobre a dor da perda. Sensível, feminino e envolvente, conta a história de duas pessoas que estão perdidas e descobrem apoio uma na outra. Um conjunto...
- Na Madrugada
(Na Madrugada, BRA, 2008) Drama Direção: Duda Gorter Elenco: Ana Lúcia Torre, Denise Weinberg Roteiro: Duda Gorter Duração: 21 min. Minha nota: 3/10 O curta Na Madrugada é uma espécie de versão feminina e demorada de Depois de Tudo. Conta a história...
- Medo Do Escuro
(Medo do Escuro, BRA, 2008) Curta-metragem/Drama Direção: Cauê Brandão Elenco: Andrade Junior, Márcia Mármori, Júlia Rizzo, Roberto de Martin, Nielson Menão, Aline Padilha, Luis Otávio Roteiro: Cauê Brandão Duração: 17 min. Minha nota: 6/10...
- O Menino Peixe
A opinião A história é entrecortada. Não é linear. No ínicio confunde, aos poucos o quebra-cabeça vai sendo montado. Por isso não há aprofundamento das personagens. O roteiro mostra que esse distanciamento é por causa da dura realidade de não...