Crítica - Zodiac (2007)

Realizado por David Fincher
Com Jake Gyllenhaal, Robert Downey Jr., Mark Ruffalo, Anthony Edwards

Realizado por David Fincher, "Zodiac" (2007) é um filme que acompanha o mediático caso do Assassino do Zodíaco, um dos mais famosos serial killers dos Estados Unidos da América, que aterrorizou o Estado da Califórnia no início da década de setenta ao cometer inúmeros assassínios sem qualquer ligação aparente, deixando algumas complexas pistas à polícia. Neste produto, cujo argumento é basead no homónimo livro escrito por Robert Graysmith, acompanhamos as várias investigações, policiais e privadas, sobre a identidade do notório serial killer, desde o primeiro até ao último homicídio. A sua história começa no feriado americano de 4 de Julho de 1969, quando um casal de jovens é assassinado a sangue frio dentro de um carro nas proximidades da cidade norte-americana. Um mês depois, uma carta é enviada a quatro jornais de São Francisco. O remetente alega ser o autor desse crime e exige que uma mensagem codificada, enviada em anexo, seja publicada na primeira página da edição do dia seguinte. Os jornais fazem-lhe a vontade e o assassino, que se apresenta como Zodíaco, passa então a enviar cartas aos jornais sempre que comete ou pensa em cometer um homicídio. Esta prática torna-se tão frequente que o pânico instalasse por todo o território americano. O caso desperta o interessem não somente do repórter Paul Avery (Robert Downey Jr.), responsável pela secção policial do San Francisco Chronicle, mas também do artista e posteriormente escritor Robert Graysmith (Jake Gyllenhaal), um fascinado por códigos que passa a acompanhar com exagerado interesse o desenrolar da história. Paralelamente, David Toschi (Mark Ruffalo) e o seu colega, William Armstrong (Anthony Edwards), são destacados pela SFPD para solucionar o caso.


David Fincher ("Seven" e "Panic Room") provou com "Seven" que é um realizador talentoso no que toca a filmes de serial killers e, agora, volta a provar esta ideia com com "Zodiac". O suspense e a dúvida estão sempre presentes durante todo o filme e, se não conhecerem a história verídica do assassino, ficaram sem sombra de dúvida intrigados e confusos até final. À medida que avança, "Zodíac" vai-nos proporcionando cada vez mais suspeitos e pode-nos levar a formular as mais impensáveis teorias. No final tudo não passa de uma série de mecanismos bem estruturados e conduzidos por Fincher, com o objectivo de confundir e de criar dúvida ao espectador. Este jogo psicológico serve para desviar as atenções dos espectadores do verdadeiro criminoso, no entanto, esta técnica só resulta na perfeição com os espectadores que não conhecem a história do serial killer, porque, como o filme é baseado em factos reais, os espectadores que já saibam quem é o suposto homicida não irão apreciar o filme da mesma forma que aqueles que o assistem na ignorância. Para os primeiros o filme perde por completo o factor surpresa, tornando-se aborrecido e sem sentido. Este thriller pode dividir-se em duas partes claramente diferenciadas. Numa primeira vemos a repercussão mediática de Zodiac e como os seus actos são alvo de um tratamento preferencial pelos mídia, tornando-o numa figura pública, incutindo assim medo e apreensão aos americanos e dando-lhe exactamente aquilo que ele quer, ou seja, a mediatização. Na segunda parte o filme centra-se mais nas investigações, acompanhando três frentes/linhas de investigação, cada uma com o seu distinto método e forma de pensar e em que cada uma apresenta diferentes teorias e suspeitos, lançando a dúvida de qual delas será a mais fiável


Tanto a caracterização como a ambientação são brilhantes. Fincher e a restante equipa técnica conseguiram criar na perfeição, não só uma Califórnia dos anos setenta, mas também o medo, a apreensão e a histeria causada pelos mídia. O elenco está à altura do desafio. Robert Downey Jr. está absolutamente impecável e Mark Ruffalo não lhe fica atrás, estando muito convincente no papel de um dos principais investigadores policiais do caso. Jake Gyllenghaal tem a melhor performance do filme, porque está muito correcto no seu papel de artista/ génio. O brilho do elenco é ofuscado por David Fincher, que voltou a criar as atmosferas escuras e apreensivas repletas de dúvida e incerteza que usou no seu maior sucesso - "Seven". Ele não se limitou a contar a história do seria killer, deu-lhe a sua própria interpretação dos acontecimentos, envolvendo a história num incrível mistério nada fácil de resolver. Sempre fiel à história verdadeira, Fincher deu-lhe o seu toque pessoal misturando ficção com realidade, mas sem nunca interferir com os principais factos da história. "Zodiac" é um filme difícil e maduro que nos trás uma história envolvente e complexa, contudo poderá se tornar desinteressante e aborrecido para aqueles que conhecem bem a história do famoso homicida americano, já que o filme baseia-se muito na dúvida e na incerteza- Talvez por isso o sucesso entre o grande público seja restrito, mas não se pode retirar mérito por isso. "Zodiac" é sem dúvida um dos melhores filmes de serial killers dos últimos anos.

Classificação - 4 Estrelas Em 5

Tweet