Crítica: L'Avenir - Things To Come
Cinema

Crítica: L'Avenir - Things To Come


Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Berlim
13 de Fevereiro de 2016

Ainda é possível acreditar na cinematografia francesa, principalmente pela diretora Mia Hansen-Løve (de ?Eden" e ?Adeus, Primeiro Amor?) que busca corroborar a estrutura clássica da cinefilia em ?L?Avenir?, filme que integra a competição oficial do Festival de Berlim 2016. O longa-metragem traduz o comportamento idiossincrático dos franceses pela leveza, sutileza, naturalidade, sensibilidade não dramática, de sarcasmo ingênuo, perspicácia irônica e aceitação plena da individualidade do outro (claro, que sem antes não ?alfinetar? com uma sacada de ?antagonismo intelectual?. É uma crônica existencialista utilizando-se da vida da personagem principal dentro de sua própria vida privada, vivenciado majestosamente e impecável pela atriz Isabelle Huppert, que constrói com segurança absoluta uma representação concretista-realista (de quebrar a utopia político-revolucionária de seus alunos pelo conhecimento de mundo e dos pensadores que ?estimularam" o ?caos? da mudança social) de uma professora de filosofia, cuja vida transforma-se do comodismo em necessidade de ?acordar" sua liberdade. A narrativa caracteriza-se intrinsecamente francesa, por meio de sua verborragia adjetivada e definidora, encontrando a redenção bucólica no campo (e o som dos pássaros), em contato com a natureza que conecta a energia do recomeçar. Um filme irretocável. "É difícil resumir a cinematografia francesa em uma definição. É esse cinema que protege o próprio cinema e o universo francês. É sobre a distância e a dificuldade da passagem. É a natureza da individualidade?, disse a atriz Isabelle na coletiva de imprensa do Berlinale. "Tudo tem que definir e libertar o personagem?, finaliza a diretora. A sinopse nos conta que Nathalie (Isabelle Huppert) era uma mãe de família com dois filhos e professora de filosofia realizada, até que toda a sua vida começa a ruir. Ela é traída pelo marido, demitida do emprego e perde a mãe. Sozinha aos 55 anos de idade, ela precisa lidar com o abandono e todos os seus conflitos. Altamente recomendado e imperdível.



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