Elenco: Selton Mello, Cléo Pires, Ângelo Paes Leme, Julia Lemmertz, Cássia Kiss, André de Biasi, Rafaela Mandelli, Eva Todor, Luis Miranda, Felipe Martins
Roteiro: Mariza Leão e Mauro Lima (roteiro), Guilherme Fiúza (romance)
Duração: 107 min.
Já pelo trailer dava pra perceber que o filme ia conseguir fazer com que ficássemos com os olhos grudados na tela. Fui conferir a pré-estréia hoje e constatei que a primeira impressão é mais do que verdadeira.
Com um roteiro muito bem amarrado e um elenco que vai conduzindo o filme por um caminho complexo, não tem como não prestar atenção em cada movimento, cada fala e cada música de Meu Nome Não É Johnny.
Na tela, a história do fanfarrão sem noção João Estrela, peça de um importante emaranhado do tráfico de cocaína no Rio de Janeiro nos anos 80. Diferente daqueles que entram no negócio para enriquecer, João está ali para curtir a vida a doidado, cheirando, bebendo e fumando todas. Todo o dinheiro que entra é revertido em muito pó e festas para ele, a namorada e os amigos.
A história começa com a infância de João, o primeiro baseado, o afastamento dos pais, a loucura dos anos 80 embalados, o tráfico internacional e termina com o julgamento e prisão de João Estrela em um manicômio judiciário.
É uma constatação triste do caminho errado pelo qual o vício no pó pode levar uma pessoa, banindo noções básicas de legalidade, ética e até mesmo de afetividade. Enquanto os amigos de João vão construindo uma vida, ele e sua namorada se afundam numa balada sem fim que não tem nada de garantia. Além disso, o filme escancara a realidade tenebrosa das penas privativas de liberdade no Brasil.
Como o filme é baseado na história real de João Guilherme Estrela, vale lembrar que ele superou tudo que vemos na tela, está vivo, muito bem e trabalha, hoje, como produtor musical.
Selton Mello está mais maravilhoso do que é de costume. Encarnando com perfeição um drogado completamente porra louca, trasmite a irreverência que dizem ser a marca registrada de Estrela e sabe, também, como trabalhar suas angustias. Os outros atores estão muito bem também, com destaque especial para Rafaela Mandelli, Felipe Martins e Júlia Lemmertz.
Na área técnica, não é possível deixar de prestar atenção na fotografia do alemão Ulrich Burtin (que já havia demonstrado seu trabalho em Lisbela e o Prisioneiro e Tainá 2). O tempo do roteiro também é perfeito e nunca deixa o filme ficar pesado demais e nem o transforma em uma comédia. Durante toda a projeção, momentos engraçados, angustiantes e tristes são trabalhados conjuntamente, sem deixar que um se sobreponha ao outro.
Um filme que, apesar de estar ali apenas para contar uma história, nos faz pensar em toda essa loucura que vivemos hoje, principalmente se somos pais. Um presente que o cinema nacional nos deu! Vale a pena conferir...
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