"P2" por Ricardo Clara
Cinema

"P2" por Ricardo Clara


A produção de cinema de terror é um nicho de mercado que raramente é aproveitado com suficiência. Das variadas possibilidades de como catalogar uma peça desta natureza, sucedem-se os filmes de baixo orçamento e que cumprem o seu objectivo: ser uma forma de extravasar particularidades, sempre em volta do mesmo tema, mesmo que seja de forma básica e amadora. E nesta matéria, a maestria só consegue ser atingida por um punhado de realizadores, nos seus diferentes estilos.

A este propósito, e essencialmente por causa da obra do debutante Franck Khalfoun, questiono-me novamente acerca do que é que é um filme passível de estrear comercialmente, num país com baixos índices de literacia cultural, e essencialmente virado para o nome do actor ou actriz que o integram. Valerá a pena uma coisa tão medíocre como "P2" / "P2 - Zona de Risco" estrear em 10 salas do país numa semana com 8 filmes estreados, num total de quase 14 horas de cinema, quando a média de visitas se cifra num filme... por ano?

São números que dão que pensar, como deu a Angela Bridges (Rachel Nichols, "Resurrecting the Champ", 2007), uma mulher de negócios, workaholic por devoção quando, na véspera de Natal, ao tentar sair do edifício onde trabalha, se depara com uma série de obstáculos: portas que se encontram estranhamente encerradas, luzes apagadas e uma rara ausência de pessoas. Com a bateria do carro aparentemente morta, Angela pede ajuda a Thomas (Wes Bentley, "American Beauty", 1999), segurança sedeado no parque de estacionamento, o qual se mostra incapaz de colocar o automóvel em funcionamento. Depois de muito tentar sair do prédio, e após um súbito apagão, Bridges é atacada e vê-se numa peculiar consoada, com um maníaco a persegui-la como prenda de Natal.

Sem estrutura linear, com uma banda sonora inexistente, de uma iluminação primária (e que seria essencial, não fosse um filme rodado em locais escuros) e completamente desequilibrado, "P2 - Zona de Risco" é uma pobre desculpa para um filme. Se o desempenho de Wes Bentley ainda é bastante sólido, a de Nichols é limitadíssima, e isso contagia toda a hora e meia de filme. Numa peça centrada em dois personagens, a incapacidade de gerir os espaços, o tempo e a iluminação só poderia redundar numa triste tentativa realizar um filme. Ainda mais pobre se torna quando essa incapacidade vai ao ponto de ter personagens muito mal construídas, sem profundidade, com traços de personalidade revelados a espaços, nunca sendo sequer possível identificar uma linha convincente nesta.
Uma fita de terror primária, que coloca mais um ponto de interrogação à questão que abordei no início: a que custo deve vir um filme parar às salas de cinema?






Título Original: "P2" (EUA, 2007)
Realização: Franck Khalfoun
Argumento: Franck Khalfoun e Alexandre Aja
Intérpretes: Rachel Nichols e Wes Bentley
Fotografia: Maxime Alexandre
Música: tomandandy
Género: Terror
Duração: 98 min.
Sítio Oficial: http://www.p2themovie.com



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