"The Ugly Truth" por Nuno Reis

Nicole Eastman coloca a batalha final entre os sexos em horário nobre. Juntar dois actores de reconhecido charme a um realizador especializado em comédias românticas costuma ser uma receita de sucesso. Se o argumento for trabalhado pela dupla Karen McCullah Lutz, Kirsten Smith - autoras de "10 Things I Hate About You" e "Legally Blonde" - temos de esperar algo bom.

Abby é uma produtora televisiva talentosa. Consegue antecipar os problemas e gerir como ninguém o programa matinal do canal local. Mas a sua vida pessoal não é igualmente feliz. Solteira e descomprometida por assustar todos os homens com o seu carácter, sente-se incompleta e desesperada. Quando as audiências do canal começam a descer e a administração opta por contratar o especialista em assuntos amorosos Mike Chadway, o maior troglodita dos comunicadores da região, Abby fica ofendida. Até que Mike se compromete a ajudá-la com a sua vida pessoal, desde que ela lhe dê mais liberdade criativa no programa. Acordo feito, que comecem os jogos.

O confronto entre as duas personagens é uma constante. Além do facto óbvio de serem totalmente opostos - um homem bruto e insensível, uma mulher sofisticada e delicada - há um inconveniente ditado a dizer que os opostos se atraem. Vai ser preciso mais de uma hora para perceberem isso. Entretanto vamos ser presenteados com um filme frágil que tem como melhor momento uma modernização da inesquecível simulação do orgasmo em "When Harry Met Sally".

O argumento precisava de muito mais trabalho. Quando se junta três mulheres a escrever um filme é garantido que os homens não vão gostar do resultado, nem que façam crescer mulheres penduradas nas árvores. Quando é que aprendem que qualquer coisa que seja escrita sobre o confronto dos sexos tem de ser feita por ambos os sexos? Se o sabem fazer no filme, porque não o fizeram ao escrever?
"The Ugly Truth" tem melhores personagens secundárias que protagonistas. Não basta uma mulher desequilibrada (por vezes simplesmente oca) e um homem com tantos defeitos que só serve para ser insultado pelas mulheres. Não basta dizer ordinarices em directo para ter graça. Mas basta de insultos à inteligência de quem assiste. Após tanta coisa mal, ansiamos pelo desfecho. Previsível claro, o cérebro já quase entrou em paragem e não lidaria com muito mais.
Mais um filme em que não se aprende nada.

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