Cinema
"Twilight" por Nuno Reis
Tudo começou como um sonho. No dia em que os filhos iam começar as aulas de natação Stephenie Meyer quis tirar o dia para si. Tinha tido um sonho muito intenso e estranho onde dois jovens falavam na floresta. A conversa tinha dois temas. O primeiro era estarem a ficar irremediavelmente apaixonados um pelo outro, o segundo era ele estar igualmente atraído pela ideia de a matar. Faltou dizer que este jovem é um vampiro. Com muita dedicação no espaço de meio ano este sonho estava em papel e tinha uma editora. Esta mistura de romance e terror conseguiu cativar muitas leitoras e daí até ao filme nem cinco anos passaram.
As expectativas estavam altas. O sucesso do livro prometia um grande número de espectadores. O argumento foi entregue a Melissa Rosenberg, responsável por episódios de um clássico da minha juventude como "Party of Five", êxitos recentes como "The O.C." e actualmente dedicada a "Dexter". Já para cinema a experiência era pequena, apenas um discreto "Step Up" no currículo. Também na realização a aposta foi alta, a talentosa produtora Catherine Hardwicke como realizadora tem apenas três títulos, mas o primeiro deles foi o poderoso "Thirteen". Argumentista e realizadora sabiam bem como lidar com o drama, com o romance e com a intensidade das cenas. Só faltou alguém que soubesse lidar com o sobrenatural, com o monstro desconhecido que ameaça a vizinhança. Que conseguisse criar um mundo onde lendas índias e vampiros se misturam. Alguém capaz de tornar um romance para adolescentes e jovens mulheres em algo mais parecido com um filme de terror. Não digo que isso se devesse sobrepor ao sentimentalismo, mas tinha potencial para tanto mais...
Para quem não conhece os livros, a história acompanha a jovem Bella que acabou de se mudar para casa do pai. Há tanto tempo que não ia lá que já não se lembra de ninguém. Na nova escola fica fascinada por um dos irmãos Cullen, uns indivíduos estranhos e anti-sociais. A relação que desenvolve com esse jovem é estranha, Edward parece simultaneamente desprezá-la e estar atraído por ela. Um acidente transporta-a para um mundo secreto de vampiros onde se joga basebol em dias de tempestade e quem só come animais é chamado de vegetariano ("Count Duckula" era mesmo vegetariano). Mas também um mundo onde pactos seculares e rivalidades entre gangues definem os actos do dia-a-dia.
Como já referi atrás a grande falha do filme é ter sido feito como um chick-flick em que entra um vampiro quando podia ser um dos grandes filmes de vampiros dos últimos anos. Ainda há dois meses "Let the Right One In" provou que um filme de vampiros não precisa de terror para ser bom. O outro grande problema foi a fotografia. Palidez nos imortais e habitantes de uma terra onde chove 360 dias por ano é normal, mas ser tudo cinzento é exagerado. Parece que o único tratamento dado foi colocar um filtro na lente. Como pontos positivos recordo a magnífica viagem ao topo de uma árvore. Abriu o apetite para efeitos especiais que não chegaram a aparecer.
Nada de novo debaixo do pouco sol.
: "Twilight" (EUA, 2008) Realização: Catherine Hardwicke Argumento: Melissa Rosenberg baseada no livro de Stephenie Meyer Intérpretes: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Billy Burke, Peter Facinelli, Nikki Reed, Ashley Greene Fotografia: Elliot Davis Música: Carter Burwell Género: Drama, Fantasia, Romance, Thriller Duração: 122 min. Sítio Oficial: http://www.twilightthemovie.com/ |
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