Crítica: 12:08 - À Leste de Bucareste
Cinema

Crítica: 12:08 - À Leste de Bucareste


Por Fabricio Duque

O filme ?A Leste de Bucareste? do diretor romeno Corneliu Porumboiu (de ?Polícia, Adjetivo?, ?Quando Cai a Noite em Bucareste ou Metabolismo?), estreante na direção de um longa-metragem, e que venceu o Camera D´Or do Festival de Cannes de 2006, já indicava sua característica principal: a de realizar um cinema metalinguístico, usando elementos de sua cidade natal como uma memória afetiva realista e confrontando comportamentos sociais, principalmente o de ?maltratar uns aos outros? por detalhes passados (e decisórios) de forma condescendente por quem recebe o ?bullying? (?Jornalista? Você não era engenheiro têxtil?? ? mas quando debatidos, tornam-se extremamente sensíveis e dramáticos). Aqui, a metalinguagem (?A câmera no ombro é um estilo?) representa uma forma interativa de embasar subjetivamente as informações ?desencontradas? da própria preservação de cada um, massificando verdades e proteções (?Vendo o que é para ser vendido? ? compre quem quiser pode ser complementado retoricamente) até se acreditar totalmente nelas. Na trama, personagens transformam-se em arquétipos da revolução romena de 1989, ultrapassada, esquecida e desinteressante (?Preferimos a revolução francesa?, optam os alunos) e que é ?questionada? em um programa local de televisão, cuja estrutura de amadorismo cria a discrepância da credibilidade, entre a proximidade das tradições natalinas (?Papai ? Noel ? da Neve?). A narrativa busca os bastidores (na verdade simples de ser o que estes indivíduos coletivos são) ao ?tremer? a imagem não simétrica de uma câmera ficcional, abordando constrangimentos verborrágicos (?Funerária... Imobiliária... Tudo a mesma coisa?) como o Mito da Caverna de Platão (?o de barba? ? ?confundindo sol com fogueira? e ?saindo de uma caverna para entrar em outra?), assim ?expõe? um simbolismo hipócrita, de sobrevivência aparente, de julgamento competitivo, de se dizer o que acredita pela metade, sempre com o ?talvez? na linguagem. Eles são seres idiossincráticos, errantes, ?bêbados?, que ?manipulam? desinteresses (tentando fornecer uma importância maior do que os pequenos acontecimentos têm) e que se entendem exatamente desta forma com essas picardias e esses embates ?amigáveis?. É comportamental. Então, a grande maestria de Corneliu Porumboiu, também roteirista, é traduzir estes princípios e conceitos morais tão únicos, de forma sinestésica e exacerbadamente natural. Nós espectadores não ?percebemos? atores interpretando e sim, personagens atores que são intrínsecos personagens entregues e totalmente confortáveis com o que vivem em tela, conduzidos por uma ?falsa? e excepcional estrutura de edição contemplativa e por uma competente direção de transformá-los em fantoches subservientes. Concluindo, é um filme que ?zoa? a Romênia por um romeno, sem clichês, gatilhos comuns e ou ilusões. Recomendado.  



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