Cinema
Crítica: Acorda Nicole
Por Philippe Torres
Nicole, uma jovem de 22 anos, acaba de se formar na faculdade e ainda mora com os pais. Leva uma vida sem preocupações ou responsabilidades, exceto tomar conta da casa enquanto os pais estão viajando. Sua única relação é com a amiga Veronique, com quem passa a maior parte do tempo. Sabendo disso, a película dirigida por Stéphane Lafleur, apresenta-se como um estudo de personagem de uma mulher que ainda não acordaras para a vida. É marcante na construção da personagem, por exemplo, o momento em que chega uma carta contendo um cartão de crédito que, acompanhado a sonorização, nos oferece a ideia de sonho. Nicole não acordou. O estudo de personagem continua nas relações da mesma, não consegue estabelecer-se com outros, exemplo é o novo baterista da banda de seu irmão que, porém, interessa-se por sua amiga. O mais próximo de uma relação que Nicole possui é de um menino de apenas 7 anos, um dos melhores personagens suporte construídos no filme, que possui voz de um adulto. A fotografia remonta uma lógica bem parecida com filmes do início da Nouvelle Vague francesa, um preto e branco que narra bem o vazio de expectativas da personagem. Com um humor bastante particular, a película apresenta um paralelo entre realismo e extra realismo presente na trilha sonora, montagem e elementos surreais que, aliás, causa tal característica. Leve, existencialista e uma busca pela essência do ser, Acorda Nicole é um filme indispensável.
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