Crítica: Chi-Raq
Cinema

Crítica: Chi-Raq


Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Berlim
17 de Fevereiro de 2016

?Chi-Raq?, que integra a mostra fora de competição oficial do Festival de Berlim 2016, corrobora o cinema político-ativista-utópico-social-minoritário de passionalidade exacerbada de direitos humanos dos negros, conservando a cultura típica. Aqui, pela cena do Hip Hop de Chicago, inicia-se por uma abertura-videoclipe de mensagens ?não julgue?; ?esta é uma emergência?; ?cadê a liberdade?" e de estatísticas oficiais de homicídios acontecidos, e assim constrói na narrativa estética, conceitual, interativa (como um surreal programa de televisão à moda de ?Jogos Vorazes?, apresentado por Samuel L. Jackson), possibilidades de se acabar com a violência (o desarmamento). Em ?Chi-Raq?, Spike serve também como ?advogado do diabo?, por criticar o próprio universo negro (presença maciça, não havendo quase nenhuma presença do ?homem branco? e os transformando em ?bad guys? - característica por sua vez altamente estereotipada-caricata - em músicas sentimentais, sermões hiperbólicos, catárticos e com funeral alegórico musical da Broadway - o excelente John Cusack, totalmente entregue em seu papel), que tem como ?herói" um cantor de Rap sem camisa, tatuado, com dentes de ouro, que usa mulheres como objetos sexuais - aceitado submissamente por elas), que tem público em danças-teatralizadas-ensaiadas e que enaltece a violência com suas armas (que podem ser adquiridas em qualquer território americano). O filme, racista feito por um negro, não se importa com a estrutura adotada do amadorismo e de forma quase caseira, preferindo a mensagem falada em melodia de Hip Hop, que a ?embalagem? propriamente dita (é praticamente Um Quentin Tarantino mais ativista-radical). E aí, que a trama realmente ganha força, curiosidade e atenção do espectador, quando acontece a revolução das mulheres ?black brown woman?, as ?panteras negras" (pela greve de sexo: ?sem paz, sem buceta?, que inclui protestos em São Paulo, Brasil). Há órfãos, gangues, frases de efeito, clichês sentimentais (da mãe limpando o sangue do próprio filho), gestos sexuais a La Destiny?s Child, debates, ativistas da paz, espartanos, zonas de guerra e sem lugares ?seguros" às pessoas de cor. Há tudo. É um filme pessoal, ?femmes fatales? (Bond Girls), enaltecido, ingênuo, que eleva a tragédia e o sofrimento para chocar e tentar resolver a apatia alheia, e que busca ?construir um novo Chicago?, nem que para isso seja preciso re-atravessar a ponte de Selma. ?Chi-Raq? comporta-se como uma peça de William Shakespeare em versão Rap cotidiana-coloquial.



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