Crítica: Moebius
Cinema

Crítica: Moebius


Por Fabricio Duque

O diretor coreano Kim Ki-Duk resolveu, por vontade própria, simplificar seu cinema ao estágio de amador, mitigando possibilidades de credibilidade narrativa. Talvez, Ki-Kuk não tenha despertado do transe de sua obra-prima "Casa Vazia", que se expressa por poesia naturalista, silêncio e insinuações sutis. O cineasta vem apresentando experimentações fílmicas que beiram à pretensão (como no seu último filme "Pietá"). No mais recente, em questão aqui, "Moebius", equilibra-se por um triz na linha tênue entre genialidade e arrogância do estilo pretendido. Se procurarmos o significado do título, então encontraremos a definição médica de que "é um distúrbio neurológico extremamente raro. Decorre do desenvolvimento anormal dos nervos cranianos, possui como principal característica a perda total ou parcial dos movimentos dos músculos da face, responsáveis pelas expressões e motricidade ocular". Aqui, Kim Ki-Duk mescla as últimas vertentes dos elementos que emprega em sua filmografia. Há a violência explícita, esquizofrênica e "raivosa" de Pietá com o silêncio total de "Casa Vazia" (já que não há diálogos entre os personagens - apenas sons ambientes). É uma pena que a criatividade de um dos mais conhecidos representantes da vanguarda cinematográfica sul-coreana tenha seguido pelo caminho da inércia inovativa e do clichê da repetição do não clichê - temas recorrentes e ultrapassados moralmente (como o desejo, o sexo entre familiares e proteção vingativa - o corte do pênis e a antropofagia). É um filme teatral (nas ações), dramático (nas expressões), gratuito (nas causas - loucura) e quase patético (no argumento e ou nas consequências da trama). É a metáfora da transposição do abstrato ao concreto, quando personifica o desejo e o sentimento, por uma ação que gera consequências (e a adaptação). Um retrato da epifania da falta de sentido da violência como estilo de vida. Mesmo com todos os contras de um exemplo de filme B querendo ser cult, por incrível que pareça, assisti-lo é obrigatório e necessário.



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