Especial Howard Hawks: Scarface, A Vergonha de uma Nação (1932)
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Especial Howard Hawks: Scarface, A Vergonha de uma Nação (1932)



Nascido em Goshen, Indiana, EUA, em 30 de maio de 1896, Howard Winchester Hawks foi um dos principais cineastas da era clássica de Hollywood. Egresso do cinema mudo, ainda foi um dos primeiros a desvendar a linguagem do cinema falado. Um pioneiro, em todos os sentidos. Com apreço por temas e personagens heróicos, Hawks também ficou conhecido por sua versatilidade: dirigindo filmes de ação, aventura, comédias, dramas e westerns. Em uma época em que diretores eram vistos como operários e muitas vezes ficavam a mercê dos estúdios, Hawks, de um jeito ou de outro, conseguia impor um ritmo e um estilo a suas obras. Um estudado na filmografia do diretor logo percebe nuances e enfoques recorrentes, além da bem-vinda influencia para toda uma gama de realizadores futuros. Ainda que nunca tenha sido agraciado com uma estatueta do Oscar, Howard Hawks é (e sempre será) um dos diretores mais importantes do cinema mundial. O Cinema Detalhado gradativamente irá trazer a sua filmografia para ser analisada e homenageada no Especial Howard Hawks
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Dando partida a imersão na filmografia do diretor americano (pioneiro do cinema falado) Howard Hawks, o primeiro a ser comentado é Scarface, um dos filmes mais conhecido da carreira desse realizador. Obra que teve relativo apelo na sua época, pois apostava em ser uma crítica áspera a política de imigração e conseqüentemente como as gangues formadas eram tratadas pelo governo: com uma lei branda e permissiva. Hawks explicita esse tom logo no inicio do filme, com a inserção de um cartão titulo com esse discurso.

Apesar de ainda não ser tão familiarizado com os filmes de Hawks, prevejo que Scarface provavelmente não seja o melhor filme do diretor, apesar de ser um dos mais famosos. A obra tem um tom bastante exagerado, tendendo a alternar com a comicidade, talvez excesso do tão falado mise en scéne que o diretor costumava providenciar para seus filmes. Tem um ritmo muito bom, com diálogos marcantes e momentos históricos, mas de certa forma peca em alguns aspectos. Um deles e talvez principal seja a caracterização do protagonista Tony Camonte (Paul Muni), teatral demais, o que para hoje acaba parecendo pouco convincente, mas que apesar de tudo consegue cativar o espectador em vários momentos. Camonte é um impiedoso criminoso em ascensão naquela Chicago da lei seca.

Há de se destacar também algumas cenas percussoras para os filmes de gangsteres, como os tiroteios e perseguições de carro. Mesmo parecendo ter poucos recursos, Hawks consegue cometer algumas seqüências tensas e emocionantes. Alias, recursos parcos são algo que parece perceptível para esse Scarface, que mesmo para a época tem efeitos visuais bem simplórios. Também é notório que existe um bocado de edição para encurtar a narrativa, tornando ela bem ?redondinha?. Assim, apenas contando o que aconteceu, sem mostrar o acontecido. Não que chegue a incomodar tanto, mas a certa altura fica inevitável não se divertir com algumas passagens feitas para chocar. Algo que também deve se afirmar, é que Hawks aposta em um filme violento, bem ousado para a época, como se o trouxesse assim com a intenção de impressionar mesmo a opinião pública.

Lá pelo fim, um dos chefes de policia dispara um discurso altamente preconceituoso em relação aos imigrantes que vieram para os EUA, o que nos faz perceber o quanto datado pode Scarface parecer, não é daquelas obras que transcendem épocas. É respeitável, mas envelheceu mal, só que mesmo assim é artefato curioso e interessante. Sabemos que estamos assistindo algo que fez e faz a história do cinema. Em 1983, o também talentoso diretor americano Brian de Palma realizou um remake desse filme com Al Pacino como o Scarface Tony Montana, mas ai é papo para outra hora. 





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