Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller
Roteiro: Robert D. Siegel
Duração: 115 min.
Minha nota: 8/10
Ao entrar em um filme de Aronofsky tenho uma certeza: vou sair abalada com o que vou ver. Tirando o último longa do diretor, o perdido A Fonte da Vida, a previsão sempre se cumpre. Com o Lutador não foi diferente. O que eu não esperava era chorar copiosamente como chorei.
Na tela a história do decadente Randy "The Ram" Robinson, um lutador de luta-livre que, já sem condições físicas, vive dividido entre a impossível busca das promessas e dos sonhos de seu passado e uma tentativa de resgatar algum sentimento em uma vida que não chegou a ser construída fora dos ringues.
O filme é arrebatador. Com uma simplicidade e crueza impressionantes consegue devastar a mente daqueles que o assistem. Cada um a sua maneira sofre e se emociona com as tentativas, acertos e erros de um personagem que cativa desde o primeiro momento na tela, quando ainda nem mostra o seu rosto.
Notar os desmazelos tão comuns da vida cotidiana acentuados em alguém que não tem mais o que esperar da vida é terrível.
Além do excelente roteiro e de uma direção primorosa, muito do filme está na figura de seu protagonista vivido por Mickey Rourke, um homem que assim como The Ram viveu a vida sempre no limite, abusou de seu corpo e hoje é o resultado de cada escolha errada que fez. Não que isso facilite o trabalho do ator, como têm dito por aí. Pelo contrário. É muito mais fácil se despir de sua realidade e criar uma outra pessoa do que usar detalhes de sua vida para compor alguém já tão sem esperanças.
E dizer que não há criação no trabalho do ator que foi sucesso na década de 80 (assim como The Ram) também é injusto. Rourke usa, como poucos atores conseguem fazer, uma sensibilidade extrema para construir seu lutador.
Ao seu lado ele conta com boas atuações de Marisa Tomei, a stripper por quem é apaixonado, e Evan Rachel Wood, sua filha. Enquanto a primeira constrói uma mulher frustrada por viver de mostrar seu corpo em um lugar nojento, a segunda demonstra com eficiência a dor de um abandono.
A trilha sonora, toda composta por músicas dos anos 80, a abertura do filme e vários elementos de cena são perfeitos para demonstrar o quão presa ao passado está aquela história de vida e tudo funciona corretamente.
Todo o conjunto da obra fala muito alto ao espectador e Aronofsky sabe como manipular cada uma das seqüências para que aquela experiência, mesmo que dura, seja vivida pelo público.
Um daqueles filmes que merecem ser assistidos mas, de preferência, quando o astral estiver bom pois a trama é totalmente não indicada para pessoas em depressão.
Um Grande Momento
O final.
Prêmios e indicações(as categorias premiadas estão em negrito)
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