Cinema
O Solteirão
Ficha TécnicaDireção: Brian Koppelman, David Levian
Roteiro: Brian Koppelman
Elenco: Michael Douglas, Susan Sarandon, Danny Devito, Mary-louise Parker, Jenna Fischer
Fotografia: Alwin H. Kuchler
Música: Michael Penn
Direção De Arte: Doug Huszti
Figurino: Ellen Mirojnick E Jenny Gering
Edição: Tricia Cooke
Produção: Donna Golomb, Heidi Jo Markel, Paul Schif E Steven Soderbergh
Estúdio: Millenium Films / Smartest Man Productions
Distribuidora: Anchor Bay Films (eua) / Califórnia Filmes (brasil)
Duração: 90 Minutos
País: Estados Unidos
Ano: 2010
A opiniãoO título nacional ?O Solteirão? desvirtua o gênero que se objetiva transmitir. O original ?Solitary man? pode ser literalmente traduzido por ?Um homem solitário?, tendo a música homônima de Johnny Cash como abertura. A característica principal é a verborragia de seus diálogos, que criam o efeito, utilizando o silêncio como elemento de direcionamento ao inesperado. A parte técnica complementa a atmosfera desejada. A camera comporta-se de forma ágil, cosmopolita, típica de cidade grande, com cortes rápidos, tipo um videoclipe, que ora anda com seus personagens, ora os observa. ?Não se aposentou de pensar??, diz-se fornecendo a carga afiada dos diálogos sarcásticos e inteligentes, que se entrecortam entre perguntas retóricas e respostas quase agressivas. O roteiro consegue a narrativa adulta, perspicaz, direta e sem pudores, permitindo que o espectador possa vivenciar a competência atrelada na maior parte das vezes pela interpretação impecável de Michael Douglas, o protagonista.
Ben enfrenta as consequências de um escândalo que resultou na perda de sua concessionária de carros, de seu casamento com Nancy e, sobretudo, de seu dinheiro. Ele sente-se andando pra trás e busca apoio na filha. Mas, apesar de estar com quase 60 anos e algumas questões de saúde, ele segue sendo ganancioso e mulherengo. Quando sua nova namorada, Jordan, lhe pede para ajudar a guiar a filha Allyson, recém-admitida na universidade, Ben é incapaz de manter-se na linha. Ao mesmo tempo, torna-se amigo do ingênuo Cheston, em quem projeta sua própria imagem de quando era jovem. Ele tem sessenta anos, mas tenta manter-se eternamente jovem, repetindo ações quase adolescentes e realizando loucuras estudantis. A bebida, o sexo casual com todas, de preferencia as mais novas, não se importando com a saúde, o que for característico da época da universidade, ele faz sem pestanejar.
?Lá fora não há nada mais do que possibilidades?, diz-se entre várias frases de efeito condizentes e convincentes com o contexto apresentado. O que incomoda é a apelação a fim de que a ação, verbal, aconteça mais rápida. Forçam-se interpretações ao resultado, já que há a necessidade da correria, por causa dos módicos um pouco mais de oitenta minutos de duração. ?Lógico e amargo?, define-se. O fracasso perpetua-se com cada reviravolta. Ele, o pai, pede a filha o dinheiro para o aluguel. Não há soluções momentâneas. ?Acho que nossa conversa não é nosso ponto forte. Melhor se vestir?, diz-se com extrema sinceridade. Já não há o querer da suavização. Expõe-se o que quer, sem rodeios, sem papas na língua. Os embates são fantásticos. Com a atriz Susan Sarandon então, o espectador se satisfaz tendo a sua inteligência respeitada.
É impossível não referenciar ao seu filme anterior ?Wall Street 2?, que faz o papel de um fracassado que precisa dar a volta por cima. Neste caso, o personagem é humanizado e conserva princípios, mesmo cometendo erros passados. Ele quer mudar o rumo das coisas. ?Equilíbrio de volta, pai?, diz-se. ?Você não é mais criança?, rebate-se. Há o recomeçar do zero. Submergir da lama criada por ele mesmo, vencendo o constrangimento alheio do trabalho pensado ?não digno?. ?Luvas de boxe não podem ficar chateadas com os punhos?, diz-se sobre ações erradas que geram consequências. Há amargura, pessimismo e realismo. ?Você é ouro puro?, complementa-se. O personagem buscava ter alguém que lhe desse limites, então não encontrando isso, mergulhou nas teclas erradas. O roteiro conduz com competência. E o final não se torna óbvio. O espectador não sabe o que irá acontecer. Concluindo, mesmo com a tentativa de manipulação a fim de que as ações sejam resolvidas de forma mais rápida, mesmo com alguns elementos perdidos causando o vácuo explicativo e mesmo com a falta de equilíbrio cinematográfico, vale a pena assistir. As interpretações são competentes, complementadas com a parte técnica que não deixa nada a desejar. Recomendo.
Os Diretores Brian Koppelman nasceu em 1967, nos EUA. Estudou direito na Universidade Tufts, indo trabalhar na indústria fonográfica. No cinema, começou a carreira como roteirista. David Levien formou-se na Universidade de Michigan, mudando-se em seguida para Hollywood, onde trabalhou como roteirista e escritor. Juntos, co-escreveram os roteiros de Treze Homens e um Novo Segredo (2007) e Confissões de uma Garota de Programa (2009). Em 2001 dirigiram seu primeiro filme, Knockaround Guys. Este é seu segundo longa-metragem.
loading...
-
Crítica: O Solteirão (solitary Man)
Como tenho dito e acho que não me cansarei de fazê-lo muitas vezes o nome do filme na tradução perde muito do seu contexto. O título "O Solteirão" soa como uma comédia, mas o filme esta muito mais para um drama de qualidade duvidosa, mas definitivamente um...
-
Estréias Da Semana No Cinema
Piranha 3DTerror - 16 anosNa nova versão do filme de 1978, piranhas pré-históricas desaguam no Lago Victoria, lotado para as férias, depois que um terremoto as libera na superfície.EUA, 2010. Direção: Alexandre Aja. Elenco: Steven R. McQueen,...
-
Minha Versão Do Amor
Ficha Técnica Direção: Richard J. Lewis Roteiro: Michael Konyves, baseado no livro de Mordecai Richler Elenco: Paul Giamatti, Rosamund Pike, Jake Hoffman, Minnie Driver, Scott Speedman, Dustin Hoffman Fotografia: Guy Dufaux Música: Pasquale Catalano...
-
72 Horas
Ficha Técnica Direção: Paul Haggis Roteiro: Paul Haggis, Fred Cavayé e Guillaume Lemans Elenco: Russell Crowe, Elizabeth Banks, Olivia Wilde, Liam Neeson. Fotografia: Stéphane Fontaine Música: Danny Elfman e Alberto Iglesias Direção De Arte:...
-
Arranca-me A Vida
A opinião É um filme novela, como um épico, que conta a história do crescimento, conhecimento e a constituição da maturidade cruel e real da vida. Porém é extremamente bem cuidado. Talvez por causa do diretor que já produziu Frida. Os personagens...
Cinema