Paranormal Activity" por Nuno Reis

O fenómeno de terror do ano chega hoje às salas em Antestreia YORN. Como incauto espectador do filme há dois meses cabe-me a missão de alertar a população para o perigo que se aproxima. Em 2007 o jovem casal Katie e Micah começou a ter noites estranhas. Sentiam-se observados, inquietos, ouviam ruídos... Até que Katie confessou sempre ter sido assombrada, desde pequena. O espírito só demorou a encontrá-la de novo. Apaixonado e corajoso defensor da sua amada, Micah compra uma câmara especial para vigiar a casa de noite. Este filme é o video resultante dessa gravação.

Já estamos fartos de filmes deste género. Depois do barrete de "Blair Witch Project" e tendo o formato ressurgido melhor com "[REC]", como se lembraram de desenterrar esta porcaria de 2007 e colocar ao mesmo nível? "Cloverfield" não é exactamente igual pelo que não comparo. Aqui quem for ver só se assusta pela sugestão da campanha. Se não dissessem em cada canto que é o filme mais assustador de não sei que período, ninguém com mais de doze anos ficaria assustado. Assim vemos gente crescida a pular nas cadeiras e a sair da sala a chorar. Eu não saí a chorar porque não tive de pagar, mas dei o tempo por mal gasto. Chamem-me insensível, mas já atingi um patamar em que o terror precisa de determinado nível para ser eficaz. Este terror de trazer por casa não me convence de forma alguma.

A criatura é a parte mais credível. Espírito invisível, mas muito presente, mexe portas e deixa pegadas. Por vezes afasta os lençóis, e arranca as pessoas da cama, e como não o vemos imaginamos o pior. A nossa cabeça faz sempre um casting excelente para esses papéis. Tirando isso é tudo frouxo.

Em "[REC]" havia a necessidade jornalística de capturar tudo "Pablo, no dejes de grabar, pase lo que pase". Aqui imagino que houvesse imensa fita livre porque Micah grava coisas absolutamente inúteis até chegar à longa-metragem. Em 20 minutos fazia-se um filme igualmente eficaz, mas menos lucrativo, porque as curtas não enchem salas. As interpretações de carne e osso são tão más que parecem mesmo pessoas perante um video amador. Aqui o destaque vai para o médium contratado, tão mau actor que parece excepcionalmente natural.

É um filme a evitar, que não traz nada de novo ao cinema e está a anos-luz de distância de se poder chamar cultura. Marketing puro e duro que está a facturar milhões com baixo orçamento à custa da credulidade das pessoas. Pela média que tem em sites poderia pensar que era bom. Acredito mais facilmente que há milhares de espectadores que gostaram de ser enganados, do que pensar sequer que não apreciei o filme como ele merecia. Ou será que só dão notas altas ao filme porque aparecem nos créditos? É que pelo site qualquer um se pode adicionar ao genérico da edição a sair em DVD...

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