Resenha de Filme: A Visitante Francesa (Da-reun na-ra-e-seo)
Cinema

Resenha de Filme: A Visitante Francesa (Da-reun na-ra-e-seo)



Nomeado a Palma de Ouro no Festival de Cannes (2012), A Visitante Francesa é uma produção sul-coreana dirigida e escrita por Hong Sang-Soo, o mesmo do elogiado HAHAHA (2010). A econômica trama da obra é um apanhado despretensioso que observa o estudo da narrativa de quem se propõe a contar uma história e por vezes flerta, de forma singela, com a metalinguagem. Os personagens são carismáticos, a fotografia bonita e a trilha sonora ao mesmo tempo simples e graciosa. O diretor ainda demonstra segurança, se permitindo alguns maneirismos de câmera que poderiam soar gratuitos, mas que se fazem naturais, não incomodando, como o persistente zoom aplicado para enquadrar as expressões dos rostos dos atores nos momentos ?cruciais?. Apesar de agradável, o conteúdo do filme não denota nada de especial para que se possa afirmar que estamos diante de uma obra de teor altamente relevante.

A trama de A Visitante Francesa começa com a jovem estudante de cinema, Woo-Joo (Jung Yoo-Mi), e sua mãe, Park Sook (Yoon Yeo-Jeong), aparentemente se escondendo de credores em uma bucólica cidade em um balneário sul-coreano. Entediada com a situação, Woo-Joo resolve passar o tempo exercitando a escrita de roteiros. Os três textos que a moça produz contêm tramas distintas, mas que guardam semelhanças entre si. A principal é a protagonista: uma mulher francesa de meia idade chamada Anne (Isabelle Huppert). Na primeira construção textual, a mulher visita um amigo coreano que está prestes a ter um filho. Na segunda, ela foge para o balneário a fim de encontrar seu amante, um famoso diretor de cinema local. E na terceira, Anne é a espora traída que ao lado de uma amiga coreana parte para uma temporada de reclusão na praia com a intenção de superar o fim trágico do relacionamento.

Entre uma história e outra de A Visitante Francesa, personagens secundários, que transitam por ambas, interagem de forma diferente com Anne, mas sempre mantendo as mesmas intenções. O que ganha mais notoriedade é o guarda-vidas (Yoo Jun-Sang), principalmente por ser um contraponto as problemáticas da francesa. O rapaz vive de maneira simples, em uma barraca de camping na beira da praia, e além de se tornar um interesse casual para Anne, reflete a despreocupação que a mesma gostaria de ter. Entretanto, nada muito profundo, diálogos e relações ficam na superfície. Aqui, se levanta até certa dúvida: a forma ligeira como as situações e desfechos são tratados denota a inexperiência da interlocutora/personagem Woo-Joo? Ou o comedimento referenda certa preguiça por parte do diretor Hong Sang-Soo ao tratar ou mesmo decupar o roteiro? Como não é um filme auto-explicativo, creio que a resposta vai ficar a cargo de cada um que assistir.

A brincadeira narrativa de A Visitante Francesa traz um tom leve, passeando por temáticas que focam sempre o drama. Atento ao choque cultural entre as nacionalidades, ora mira o romance ora traz considerações bem-humoradas, faz digressão sobre conflitos de relacionamento e até pincela a tragédia. E com seus personagens neuróticos e falantes, Hong Sang-Soo inevitavelmente nos remete a um Woody Allen de menor expressão. Embora, confirmado pela presença de uma atriz francesa e ainda o clima praiano melancólico, creio que a inspiração maior seja no cinema autoral, de poesia minimalista, do saudoso diretor Eric Rohmer. Mesmo que A Visitante Francesa seja uma obra não empolgante, sem algo a se guardar com mais afinco para posteridade, tem relativos méritos como um entretenimento que faz o espectador pensar. É um escapismo perspicaz. 








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