Resenha de Filme: Bonitinha, Mas Ordinária
Cinema

Resenha de Filme: Bonitinha, Mas Ordinária




Esta em cartaz nas salas de cinema do Brasil o longa Bonitinha, Mas Ordinária; trata-se de uma readaptação da clássica obra de Nelson Rodrigues. O filme foi gravado há quatro anos mas só agora chegou as cinemas em parte por culpa do processo de captação do longa e segundo o diretor Moacyr Góes (O Homem que Desafiou o Diabo) pelo medo das empresas de se associarem ao filme. "O cinema nacional ficou muito pudico", diz. "Existe um preconceito contra Nelson Rodrigues." Eu particularmente depois de ver a obra credito esse problema mais a qualidade da mesma, que é bem aquém do seu potencial.

Ainda que baseada em uma das obras mais conhecidas do mestre Nelson Rodrigues, um escritor que subvertia os padrões morais da sociedade brasileira em seus textos, o longa passa muito longe de impactar-nos com a sua história. Desde a primeira cena percebe-se que a artificialidade predomina na produção. É de intrigar o espectador mais atento como os cabelos da jovem Mari Lúcia não desmancham em uma cena de "estupro", ou até como a mesma não derrama uma gota de suor na cena citada. A partir daí fica um tanto quanto evidente que o desconforto provado por esta película não vai ser o mesmo das adaptações anteriores da peça, já que fica difícil do espectador comprar essa história como verdadeira.

As boas atuações da dupla João Miguel (Xingu) que faz o ex-office boy Edgard e Leon Góes  que vive o playboy Peixoto conseguem passar para o espectador aquele desespero à flor da pele típico dos personagens de Nelson Rodrigues. São os dois praticamente os únicos que conseguem dar algum sentido a ação dos seus personagens durante a projeção. Em contrapartida a jovem Letícia Colin entrega uma Mari Lúcia muito caricata que em vez de passar inocência e sensualidade transparece lerdeza e vulgaridade, sendo vitimada várias vezes pelo excesso de closes presentes no longa. Quem completa o elenco é a talentosa Leandra Leal (O Homem que Copiava) vivendo Ritinha o verdadeiro amor de Edgar e o veterano Gracindo Júnior (Segurança Nacional) fazendo Dr. Werneck o pai da jovem Mari Lúcia.

Bonitinha, Mas Ordinária tinha tudo para ser um bom filme, mas as escolhas equivocadas do diretor Moacyr Góes, aliado a uma trabalho técnico não muito bom tornaram essa clássica história em uma experiência fria e distante para o espectador. Além disso, o roteiro mal construído em nenhum momento realmente se conectar-nos com os personagens principais o que prejudica bastante a nossa identificação com os seus dilemas e o impacto que suas escolhas podem ter. Infelizmente o filme mais parece uma adaptação com o nível de profundidade das piores telenovelas, priorizando a estética em detrimento da qualidade de sua dramaturgia e tornando o produto final muito fraco e vazio.





FICHA TÉCNICA
Direção: Moacyr Góes
Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Distribuidora: Califórnia Filmes
Estreia: 24 de Maio de 2013
Elenco: Leandra Leal, João Miguel, Letícia Colin, Gracindo Júnior, André Valli, Leon Goes.



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