Resenha de Filme: Piratas Pirados (The Pirates! Band of Misfits)
Curioso que, em tempo totais de tecnologia, tenhamos três dos indicados ao maior prêmio do mundo cinematográfico trabalhando com a antiga e bela técnica Stop-Motion (ParaNorman e Frankenweenie são os outros dois). Piratas Pirados surpreendeu a todos ao aparecer como indicado ao Oscar de Melhor animação, no lugar da super produção A Origem dos Guardiões, e gerou em mim um expectativa intrigante, pois havia gostado bastante de seu oponente direto. Estou decepcionado, pois, apesar de apresentar um trabalho técnico maravilhoso, o longa se baseia em uma trama, que já está mais do que ultrapassada e repetitiva.
A trama é baseada no livro The Piratas! In an Adventure With Scientists, de Gideon Defoe e narra as aventuras do pirata Capitão Pirata, que sonha em um dia ser reconhecido e ganhar o prêmio de Pirata do Ano. O problema é que ele e sua tripulação não possuem a menor aptidão para saquear e conquistar o máximo de ouro possível. Sua maior diversão é comemorar noites do presunto e se divertir com a mascote do navio Polly, uma ave muito rara. Eles irão se meter em várias confusões para tentar conseguir uma quantidade de ouro capaz de desbancar os piratas que sempre ganhavam o torneio.
A animação possui seus momentos, mas não consegue se segurar durante seus noventa minutos de duração. O espectador dará algumas risadas, mas tudo pende demais para um humor pastelão, que é nutrido diante de situações extremamente clichês e piadas que já fazem muito tempo que vimos nos cinemas. A parte criativa parte da ideia de adicionar Charles Darwin e a Rainha Vitória como personagens sendo ambos antagonistas em seus determinados momentos. Darwin é tão bem desenvolvido que possui um macaco como mordomo e que possui certa semelhança com ele, o que nos remete as velhas teorias Darwinianas
O trabalho técnico é sensacional e o estúdio Aardman está de parabéns. Os bonecos de plasticina, ou massa de modelar na linguagem popular, são muito bem desenvolvidos e dispõem de características próprias capazes de diferenciar todos os personagens que estão envolvidos com a trama. Tudo é feito nos mínimos detalhes, como por exemplo as barbas dos piratas, que são muito bem elaboradas e os movimentos típicos.
A questão é que nem só de trabalho técnico se vive uma produção e voltamos ao argumento de estarmos diante de um roteiro batido e pouco inovador. Um exemplo de como estamos diante de uma trama muito rasa é o começo do filme, que faz questão de demonstrar tanto rancor da rainha com relação aos piratas e depois parece que esquece desse ódio todo e termina lhe tornando uma personagem que no fundo não apresenta tanto perigo assim aos protagonistas. Há uma personagem feminina vestida de homem no navio que é muito pouco aproveitada e praticamente não participa de nada. Outro mau aproveitado é o Capitão, que termina caindo naquele velho dilema, homem fracasso, mas companheiro que é modelo para os amigos, mas que faz uma burrada e depois se arrepende e luta para corrigir o problema.
Talvez a indicação venha por parte do belo trabalho técnico, mas eu como espectador esperava mais de uma produção que no frigir dos ovos se torna apenas mediana.
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