Pessoas do meu convívio social sabem o quanto detesto esses filmes, que apelidei de comédias alá Zorra Total. Por mais que estas sejam produções de muito sucesso no Brasil, termino sempre escapando de conferi-las ou achando todas elas uma enorme perda de tempo. Os Penetras, E Ai...Comeu?, Cilada.com e Muita Calma nessa hora são exemplos dessas películas, que costumam não aproveitar um grande elenco de comediantes, principalmente, pelo fato de não se esmerarem em apresentar um roteiro no mínimo aceitável. Agora chegou aos cinemas "Vai Que dá Certo", que despertou a minha curiosidade por contar com a presença de dois membros do, fenômeno da internet, Porta dos Fundos.
A trama gira em torno de um grupo de amigos que não conseguiu obter grande sucesso na vida. Um é músico, toca em um bar sem prestígio e foi recentemente largado pela mulher. Outro é professor de inglês de alunos não muito interessados e os outros dois, irmãos, vivem da, baixa, renda de uma antiga locadora, que ficou de herança do pai. De todos os amigos, dos tempos de escola, apenas um, interpretado por Bruno Mazzeo, obteve sucesso e resolveu apostar na carreira política. Buscando melhorar um pouco a vida, Rodrigo, resolveu aceitar uma antiga oferta de emprego, de um primo, e trabalhar em uma transportadora de valores. O que ele não esperava era que, por trás desse convite, havia uma intenção de formar uma quadrilha para a execução de um plano, simples e prático, que no final das contas, colocaria a trupe em diversas confusões.
O grande diferencial desta obra, como já disse na introdução desta crítica, é o roteiro, bem trabalhado e com acontecimentos bem continuados e lógicos. O fato do filme não se levar a sério e ter aquele tom de humor escrachado ajuda o espectador a aceitar até mesmo as piadas, que precisam de um pouco mais de boa vontade do espectador. De cara somos convencidos de que ambos são amigos de velha data e conseguimos nos identificar com as características de uns e de outros. Essa situação, atrelada com a boa direção de Maurício Farias, consegue permitir que o cast de atores brilho em conjunto.
Fábio Porchat, que acredito ser o principal nome do Porta dos Fundos, trabalhou, recentemente, na revisão dos diálogos e é nítida sua participação. Algumas falas se tornam engraçadas por natureza e fazem parte do senso comum ao que o espectador esta acostumado a ouvir em seu dia a dia. Os mais diversos "tipos" de personagens são muito bem aproveitados e fazem parte das confusões: Policiais corruptos, traficantes de armas, políticos ricos e militares aposentados. No quesito das atuações, destaque para Gregório Duvivier, que vive o personagem mais inocente da trama e o nerd viciado em vídeos games. O ator consegue por muitos momentos roubar a cena e garante ao público grandes momentos de descontração. Pontos positivos também para Lúcio Mauro e Lúcio Mauro Filho, que proporcionam os dois momentos mais hilários da produção.
Diante da "concorrência" nacional, Vai que dá Certo seria uma filme excelente, porém, apesar de ter seus méritos e ótimos momentos, não estamos falando de uma obra memorável, apenas uma daqueles que é capaz de prover o riso de forma descontraída e divertida, sem considerar o espectador um mero estúpido, que irá se satisfazer com esquetes interessantes e desconexas. Não é que deu certo?
Trailer do Filme:
Ficha Técnica:
Diretor: Maurício Farias Elenco: Fábio Porchat, Danton Mello, Bruno Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Gregório Duvivier, Felipe Abib, Natáliga Lage Produção: Silvia Fraiha Duração: 87 min. Ano: 2013 País: Brasil Gênero: Comédia Cor: Colorido Distribuidora: Imagem Filmes Classificação: 12 anos
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