Seção CINEMA // Crítica 17 Outra vez
Cinema

Seção CINEMA // Crítica 17 Outra vez


De Novo Não...

17 Outra Vez // 17 Again

Nota: 4,0

Ás vezes eu me esqueço como filme de adolescente é chatinho... Cheio de momentos vergonha-alheia, que eu normalmente detesto. E esse daí foi feito pra mostrar como Zac Efron é multi-talentoso. ♪♫ Ele canta, ele dança, ele toca, ele vibra. ♪♫ Ele sobe, ele desce, ele dá uma rodada... ♪♫ Além de lindo e irresistível... Pra falar a verdade, eu só conseguia ver o cabelo fake de chapinha e os cambitos finos naquelas calças coladas (ridículas, by the way). Bonito ele é, inegável, mas é tudo tão clichê, cenas tão óbvias, que não passa nada disso naturalmente. É como se colocassem uma loira peituda de vestido branco segurando a saia esvoaçante (acredito que não preciso explicar a analogia). Coisa fabricada para que a gente acredite que seja o que eles vendem. Ou seja, falta o principal: espontaneidade. Que inclusive leva a outras características mais...

A fórmula é manjadíssima. Variações diversas dela já foram usadas, por exemplo, em Sexta Feira Muito Louca (com a Jodie Foster nos anos 70 e a refilmagem com a Lindsay Lohan no começo dessa década), De Repente 30, Big - Quero Ser Grande, e, mais recentemente, Minhas Adoráveis ex-Namoradas. Se você ainda não reconheceu, alguém subitamente acorda em outro corpo, o seu ou de outrem, mais novo ou mais velho. Dessa vez é o Matthew Perry (inesquecível como Chandler Bing em Friends) que rejuvenesce e volta a ser o Zac Efron (purpurina cintilante brilhando incandescentemente pelo ar).

O ambiente é o mesmo de 100% dos filmes adolescentes: High School. Ou colegial, como preferirem. Apesar de todo filme mostrar que ele é terrível e traumatizante (menos Crepúsculo, onde todo mundo é acolhedor e agradável), todo aborrecente gostaria de fazer um intercâmbio pra lá. Eu trabalho em uma agência de intercâmbios, eu sei o que digo. Apesar de mostrar o ambiente hostil, que deve ser de fato, tem uns momentos bem surreais. Tipo que o Zac vive discursando no meio do colégio. Passando liçãozinha de moral. E todo mundo dá atenção.

O pior desses momentos é com certeza a apologia ao sexo apenas apenas após o matrimônio e para fins reprodutivos. Sarah Palin deve estar tão orgulhosa. Ela, a filha adolescente e a netinha. É hipocrisia demais pros meus cabelos brancos... E nem é necessário dizer que eles podem falar essas besteiras a vontade que isso nunca vai surtir efeito. Era muito melhor dar exemplos de como se viver uma vida sexual saudável e com responsabilidade. Mas é filme da Disney. Eles divulgam esses retrocessos. Além do que, a história do filme é sobre um adolescente que joga todos seus sonhos pro alto porque engravida a namorada da adolescência e arruína sua vida, vivendo infeliz para sempre. Ou seja, sexo só depois de casar! Amém (podem sentar).

Além de outras mensagens parecidas. Tipo que gay é motivo de riso (mesmo o principal do filme tendo todos os ingredientes, o que é até citado em um diálogo). Que mulher que não espera que o cara chegue junto não se dá o respeito. E casamento é uma benção de Deus e é para sempre, e deve-se lutar por ele a todo custo. Não que eu queira dizer que casamento não seja algo sério, mas se valendo desse pressuposto, Madonna deveria estar com Sean Penn hoje em dia (quem tem um pouco mais de idade lembra bem de como foi) e Lisa Marie Presley hoje seria a viúva herdeira das dívidas do Michael Jackson. Dá pra sentir a utopia (ou hipocrisia) de tudo isso?

E tipo, o Zac Efron daqui a 17 anos vai virar o Matthew Perry? Há 17 anos o Matthew começava a fazer Friends, e ele já tinha cara de ser 17 anos mais velho que o Zac... Mas isso é filme teen né? E eles não prestam atenção em um terço disso que eu listei. Mas eles vão sendo impregnados por esse tipo de mentalidade. Uma lavagem cerebral à base de mensagem subliminar. Por enquanto eles apenas vão ficar com a idéia de que esse é o melhor filme de todos os tempos da última semana...

Mas nada é de todo ruim né? Eu gostei de boa parte da trilha sonora (principalmente a música do Spoon e as menções dos anos 80, que eu venero) e dos créditos finais, com aquelas fotos de yearbook da equipe...



UPDATE: Como não era de se estranhar, esse é um remake de um filme da própria Disney, assim como ela fez com Operação Cupido (Parent Trap em inglês, com a Hayley Mills, que o original dos anos 60 virou "O Grande Amor de Nossas Vidas" e eu amava quando criança), e Sexta Feira Muito Louca (Freaky Friday), ambos refeitos com a Lindsay Lohan. Dessa vez, o filme se chamava "Young Again", traduzido para Jovem Outra Vez, e era com o Keanu Reeves, que na época assinava como KC Reeves, e o Robert Urich. Até o formato do elenco eles reciclaram: o jovem astro de vida pessoal misteriosa e quarentão famoso por série de TV extinta. Para ver o cartaz, clique aqui.



loading...

- Crítica American Reunion
Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez American Pie - O Reencontro // American ReunionNota: 6 Nada como o sexo para mover montanhas. É mais fácil fazer alguém sair da cadeira pra espiar debaixo da minissaia da vizinha do que pra dar um prato...

- Seção Cinema // Crítica A Mentira
De Ilusão Também Se Vive A Mentira // Easy A Nota: 9,0 Filmes adolescentes nunca são minhas escolhas freqüentes, muito menos um dos meus gêneros preferidos. Por motivos óbvios. Mas dependendo da recepção e da repercussão dá até pra arriscar...

- Seção Cinema // Crítica Tudo Por Amor
Ainda Encontro A Fórmula do Amor Tudo Por Amor // Dying Young Nota: 8,0 Quando eu era criança passava direto propaganda no SBT de que esse filme estava disponível nas locadoras. A minha mãe era louca pra ver e pedia pra gente alugar pra ela quando...

- Seção Cinema // Crítica Brüno
Tudo Pela Fama Brüno // Brüno: Delicious Journeys Through America for the Purpose of Making Heterosexual Males Visibly Uncomfortable in the Presence of a Gay Foreigner in a Mesh T-Shirt Nota: 5,0 E lá vem mais uma odisséia do Sacha Baron Cohen....

- Seção Cinema // Crítica Amor Sem Fim
De Doido Todo Mundo Tem Um Pouco Amor Sem Fim // Endless Love (1981) Nota: 5,5 Endless Love todo mundo conhece. Virou hino de flashback na rádio faz tempo, e toca em casamento, baile de debutante, dia dos namorados, entre outras celebrações. O que...



Cinema








.