Ainda Encontro A Fórmula do Amor
A história é aquela água glicosada de sempre. Eles se apaixonam, mas um deles tem uma doença séria. Ele na verdade. Leucemia. A Julia tava na fase seria Ariel/Jessica Rabbit com aquele cabelo enorme e vermelho super-ultra-hiper-mega-über falsiei. Ela faz Hillary, uma moça de 23 anos com aquela carinha de 35, que pega o namorado com outra e larga o traste. Aí ela volta pra casa da mãe, a Ellen Burstyn, que também foi mãe da menina endiabrada de O Exorcista.
Só que a mãe a enlouquece e ela tem que arrumar um jeito de dar o fora dali, então responde a um anúncio no jornal pra ser enfermeira do Campbell Scott, que eu nunca entendi por que ele nunca virou um dos grandes galãs de Hollywood. Ele é muito melhor ator que a maioria dos atores da idade dele, e mais bonito também. No começo ela é escurraçada pelo pai do doente, mas o rapaz a chama de volta e a contrata. O resto todo mundo já sabe como termina só de ver a capa.
Foi interessante ver o filme pra mim porque ele se passa entre Oakland, São Francisco e outra cidade lá. Algumas cenas foram filmadas aqui bem perto de casa, já que a mansão do Campbell fica aqui pertinho. É legal ver como as coisas mudaram, tipo os postes nas ruas. Não tem mais nenhum, pelo menos por aqui pelas redondezas. A hidratação de maionese da Julia também foi uma novidade. Já ouvi falar em ovo, babosa, chocolate, e diversas outras coisas, mas maionese foi a primeira vez.
Esse é um dos famosos clássicos não-classicos. Tem todos os ingredientes do sucesso, mas não emplacou. A trilha romântica do James Newton Howard, que é linda e por mim merecia um Oscar, toca o filme inteiro, como em todo romance. No mesmo estilo de Endless Love, My Heart Will Go On, I Have Nothing, The Way We Were, etc. A versão orquestrada do James é linda demais, mas virou hit sensação na versão em saxofone do Kenny G, que naquele tempo nem era tão nojento até virar trilha sonora obrigatória de todo casamento, festa de 15 anos, flashback de rádio, bailinho, sarau e quermesse. A trilha até hoje é famosa, o filme nem tanto...
A Julia continuou mega estrela, fazendo sempre os mesmos papéis. Aqui é uma reprise dramática dela mesma em Uma Linda Mulher, a “bela” pobretona que enlaça o ricaço, não sabe comer comida fina, tipo carpaccio, no restaurante de luxo e adora um pancadão na periferia... O diretor Joel Schumacher, que já tinha até feito sucesso antes com Os Garotos Perdidos e O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, fez vários filmes de sucesso depois. Mas fez também o Batman com o George Clooney, o do famoso terno com mamilos, e O Fantasma da Ópera de 2004, aquela bomba.
Talvez o lugar ao sol e nas estantes não seja cativo porque o final não é tão lacrimejante quanto os demais romances, tirando as comédias românticas, que todas têm finais felizes. Talvez o problema seja também os títulos. O título original já é péssimo, “Morrendo Jovem”. A versão brasileira é menos macabra, mas é brega de doer. Supra-sumo do clichê. Mesmo metendo o pau, eu não consigo pensar em algum outro título que seja adequado, elegante e atrativo. Mas tudo bem. Título cafona, Julia Roberts de sereia Ariel e Kenny G topado na vitrola, tá tudo em sintonia.