
Enfim, a história é sobre a invenção do Facebook, a maior rede social da atualidade, um Orkut infinitamente superior, para os brasileiros que não conhecem. O que motivou a sua criação, as pessoas envolvidas, as disputas e tudo mais. Tudo na base do flashback, a história vai tomando forma durante os conflitos. A estrutura do roteiro é brilhante, já o desenvolvimento de personagem achei fraco. Acho que contar qualquer detalhe da história vira meio que spoiler, já que tudo é uma surpresa. Não das mais incríveis e empolgantes, mas não deixam de ser surpresas.
O elenco tão aclamado, sinceramente, não vi nada demais. Jesse Eisenberg faz o Mark Zuckenberg, o atual acionista majoritário da corporação, personagem principal do filme, que eu achei totalmente unidimensional. Um rapaz emburrado, sem carisma, egoísta, com cara de bunda perene, e constante ar de superioridade. Mas ok, todo personagem precisa de falhas num filme, já que pessoas perfeitas não rendem história nenhuma, mas essas falhas precisam ser vencidas, explicadas ou punidas. E de certa forma nada disso ocorre. Uma Branca de Por Amor (ou uma Susana Vieira na vida real mesmo), menos perversa e com mais mimimi.
E assim como ele, os outros são o mesmo. Um bando de riquinhos e seus egos gigantescos. E acho que foi isso que me incomodou mais no filme. Até mais do que os ternos engomadinhos. Ninguém ali é de fato interessante. Assim como nas elites, cheio de gente bonita, mas quase todas desinteressantes e vazias. Não é de estranhar que todos os retratados no filme detestaram a fita. Mas também não duvido que eles sejam assim de fato, até porque ninguém gosta de ver um retrato real de si. E quando eu achava que não faltava mais nada para elevar o nível de antipatia à estrastosfera, eu esqueci que o Justin Timberlake nem tinha aparecido ainda...
Os outros destaques do elenco são o Andrew Garfield, que faz o brasileiro Eduardo Saverin, Armie Hammer que faz os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss (essa parte é perfeita, eu realmente pensei que eram gêmeos, e não um só ator), o Max Minghella como Divya Narendra (o mais chato de todos), o Justin, que faz o Sean Parker, criador do Napster, e a Rooney Mara, única mulher a trilhar pelo clube do Bolinha, e que é responsável pela melhor cena do filme, justamente a primeira.
E para mim a principal mensagem do filme é que mesmo as idéias mais brilhantes e rentáveis acontecem acidentalmente e pelos motivos mais humanos e primitivos possíveis. Mesquinhos, rancorosos, misóginos, cheios de preconceitos, como boa parte do povo é, inclusive a elite financeira e intelectual, que deveria se empenhar em racionalizar melhor suas emoções e seus atos. Mensagem interessante, mas melhor filme do ano? Discordo. Continuo com Ilha do Medo, mesmo com seu final previsível.