Elenco: Malin Akerman, Billy Crudup, Matthew Goode, Jackie Earle Haley, Jeffrey Dean Morgan, Patrick Wilson, Carla Gugino, Robert Wisden
Roteiro: Alan Moore (história em quadrinhos - não creditado), Dave Gibbons (história em quadrinhos), David Hayter, Alex Tse
Duração: 163 min.
Minha nota: 7/10
Há muito tempo atrás um amigo me falou sobre a série de história em quadrinhos Watchmen. Lembro que procuramos bastante tempo sem muito sucesso até que ele conseguiu as revistas digitalizadas para baixar.
Muitos anos depois leio a notícia de que o viciado em HQs Zack Snyder, depois de levar às telas o também complicado 300, iria adaptar a história para o cinema. Apesar do sentimento de "não vai dar certo", achava que só mesmo ele conseguiria atender aos fãs da série e chegar o mais próximo possível dos quadrinhos.
Só não sabia que chegaria tão próximo. Muitas das sequências são iguais às que lemos no passado, com diálogos idênticos e posições de cena também. Mas ainda assim alguma coisa saiu do eixo e o filme não consegue chegar nem na metade da empolgação que a história, considerada por muita gente como uma das mais importantes obras de ficção científica do século XX (chegou a receber vários prêmios Eisner e um inesperado Hugo, antes destinado somente à literatura), causa em quem a tem nas mãos.
Em uma outra realidade, Richard Nixon é o presidente dos Estados Unidos pela terceira vez, a guerra fria é a maior ameaça da humanidade e a guerra do Vietnã foi ganha pelos americanos. Neste cenário vivem os Watchmen (vigilantes), super-heróis aposentados desde uma determinação do estado em 1977, mas antes defensores da população.
O comediante (Jeffrey Dean Morgan), um dos vigilantes mascarados, é assassinado misteriosamente e Rorschach, o único do grupo que continuou trabalhando ilegalmente como justiceiro, mesmo depois da determinação governamental, resolve investigar a morte e aletar seus antigos companheiros sobre o possível perigo. A coisa vai se complicando e toma proporções inimagináveis.
E o melhor da história está muito além do que aconteceu e vai acontecer. Ver super-heróis tão humanos, cheios de falhas, desvios e vícios, é uma coisa com a qual ainda não estamos acostumados e foi justamente isso que fez de Watchmen uma história inesquecível e de Alan Moore um dos maiores escritores do gênero.
A trama, adaptada pelos competentes David Hayter (X-Men) e o novato Alex Tse, é tão fiel aos quadrinhos como queriam os fãs mais ardorosas e até consegue causar um clima na platéia, mas muita coisa não precisava estar ali e outras, mais necessárias, foram deixadas de fora. A pitada de violência dada pelo diretor (bem maior do que a existente na HQ), esteticamente é impecável, não prejudica, mas também não acrescenta nada à trama.
O tempo de algumas cenas, principalmente as mais parecidas com os quadrinhos é bem inconstante e os muitos flashbacks e a quantidade de diálogo que envolvem Richard Nixon fazem com que a experiência no cinema seja cansativa e nem mesmo o visual estonteante consiga diminuir o incômodo.
Diferente de Matheus Potumati, acho que o elenco não prejudica o filme. Gosto do grandalhão Morgan (P.S.: Eu Te Amo) como Comediante, particularmente, e do sempre excelente Jackie Earle Haley (Pecados Íntimos), como Rorschach. Crudup (Quase Famosos), Wilson (Pecados Íntimos) e Akerman (Antes Só do que Mal Casado) não comprometem e também gosto do tom dúbio que Goode (Match Point) dá a seu personagem sem exagerar.
Com muita coisa boa e alguns tropeços, no final das contas o filme é visto de maneira diferente por quem o assiste. Enquanto pensava que minha insatisfação vinha de algumas sobras que ocuparam o lugar de coisas importantes, como as falas do Coruja original e alguns traços das personalidades dos vigilantes, vi que mais insatisfeitos ficaram os que não conheciam a história.
Quem estava comigo nunca chegou perto dos quadrinhos e os comentários foram os mesmos no fim da sessão: um monte de histórias amontoadas e sem muito sentido.
Analisando pelos dois lados, dos que conhecem e dos que não conhecem, fica a sensação de que o filme não chega a seu objetivo. Não funciona bem com os novatos e não alcança a excelência que muitos fãs esperam.
E, sem medo de errar, Alan Moore deve estar decepcionado com a adaptação de outra história sua, mesmo que Watchmen seja muito melhor do que A Liga Extraordinária, mais completo do que Do Inferno e mais fiel do que V de Vingança (este último, meu preferido).
Mas, mesmo com os problemas, é um bom filme de ação e até uma boa adaptação de quadrinhos. Merece ser assistido principalmente por seu visual e, não preciso nem dizer, é completamente imperdível para aqueles que são fãs. Mesmo que não seja perfeita, é a história ali, com voz e movimento, na nossa frente.
Para quem já leu: segundo a Warner, a história de piratas Contos do Cargueiro Negro de dentro de Watchmen estará disponíveis no dvd.
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