Crítica: A Lição
Cinema

Crítica: A Lição


Por Fabricio Duque

?A Lição?, segundo longa-metragem da dupla búlgara Kristina Grozeva e Petar Valchanov (de ?Avariyno katzane?), busca a cumplicidade participativa do espectador, utilizando-se da naturalidade narrativa de acompanhamento intimista da personagem diante das intempéries-limites do caminho. Aqui, há referências às estruturas cinematográficas (da temática e da técnica) de filmes como ?Dogville?, de Lars Von Trier; ?A Separação?, de Asghar Farhadi; ?Dois Dias, Uma Noite?, de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne; ?Incêndios?, de Denis Villeneuve; ?Entre os Muros da Escola?, de Laurent Cantet; e ?A Pequena Cidade?, de Nuri Bilge Ceylan. Ambienta-se a fábula da ética versus a da necessidade da sobrevivência, iniciado pelo politicamente correto maniqueísta, porém seu desenvolvimento questiona até que ponto o próprio sistema pode corromper a moralidade e suas virtudes. O confronto ?possibilita? o argumento ?flexível? de ?abrir mão? e de se ?burlar? com ?jeitinho? para que uma resolução seja ?positivamente? controlada. Assim, como toda parábola, a mensagem funciona como um aviso, uma indicação de que a rigidez dogmática ?encontra? apenas provações e que a indulgência liberta a alma, nem que seja pelo ?pecado? cometido do oportunismo.  ?A Lição? representa o gênero de filmes de ator, neste caso, atriz. A personagem, uma honesta professora (a atriz Margita Gosheva), precisa ?lidar? com seu próprio radicalismo, orgulho, resignação e ?solidariedade? familiar de ?achar? que uma ação correta mudará um erro alheio, quando descobre que um de seus alunos roubou uma pequena quantia em dinheiro, e paralelamente tem que tomar medidas desesperadas para evitar a ruína financeira de sua família. Não é o certo que é ?ensinado? e sim seu inverso. Concluindo, no longa-metragem em questão, a máxima popular de que ?a necessidade faz o ladrão? é mais que pertinente a fim de resumir e ilustrar a ?má-fé? incutida já como natural do indivíduo social de uma pequena cidade búlgara. ?A Lição? busca a ingenuidade com o intuito de simplificar um tema polêmico, só que ?deixa solto?, caindo na própria armadilha retrógada de um amadorismo teatralizado. Em hipótese alguma é ruim ou incompetente, e sim comum, que se utiliza da usual banalidade para concluir o objetivo da mensagem. Exibido no Festival de Rotterdam 2015.



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