Crítica: Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois
Cinema

Crítica: Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois


Por Fabricio Duque

?Clarisse Ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois? é o mais recente e aguardado filme do já conceituado diretor cearense, que fecha sua Trilogia da Morte, iniciada com ?O Grão?, de 2007 e de ?Mãe e Filha?, de 2011. Aqui é corroborado seu estilo cinematográfico de criar ambiência sensorial, pelo recurso de exacerbar ruídos, desencadeando uma atmosfera de suspense psicológico de epifania que beira a catarse da loucura. O ?perigo" iminente é o próprio confronto de sua protagonista (a atriz Sabrina Greve) com os terror e os ?medos fantasmagóricos? de seu íntimo apático (vide a inicial cena de sexo com o marido). A narrativa de hipnótica plasticidade visual, que gera a poesia contemplativa de tempo pausado, ?revisita?, em terapia de choque surtado o passado, com suas marcas e traumas, o ?enterrando" de vez (à moda do psicanalista Lacan). O simbolismo está na sutileza dos detalhes (em elipses e desordenados, como uma memória). A fotografia permeia luz, sombra e reflexos, conduzindo o espectador em uma jornada depressiva, libertária, de físico, visceral, sanguinário e intenso ?acerto de contas?, para que possa ?zerar" e suportar naturalmente o futuro que ainda resta. Não sei se proposital, mas os diálogos comportam-se como anti-naturalistas, que beiram uma coloquial linguagem amadora (e forçada) das contracenas, sendo complementados por uma narração de poesia de efeito, não para explicar o que acontece e sim indicar a carga dramática seguida na trama. O longa-metragem, que integra a mostra Novos Rumos do Festival do Rio 2015, é uma experiência ?esquizofrênica" de uma mulher às portas da insanidade, e que mesmo com as redundâncias do roteiro em tentar explicar, ingenuamente, características intrínsecas e ?desvios" de seus personagens, por exemplo, o cinema pornô e ou ?o estudo na Europa?, e ou o sangue final (a La ?O Som ao Redor?), configura-se com positivismo satisfatório, tendo como maestria indiscutível a estética lisérgica concretista de suas imagens, que junto com seu desenho de som, eleva excepcionalmente o nível de sua obra cinematográfica, com sua "árida pedreira e a floresta que ainda pulsa". A sinopse. Um pai muito doente revê a filha. Ressentimentos são postos à mesa. A memória dos mortos, despertada por sangue, objetos, sombras e sonhos afeta Clarisse nesse cenário de beleza e agonia. Seu marido e os negócios a esperam na cidade para um desfecho catártico. Um filme para ser assistido obrigatoriamente na tela grande. Recomendado.



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