Crítica: In Natura
Cinema

Crítica: In Natura


Por Fabricio Duque

?In Natura? é aquele típico filme que um crítico não consegue esperar para traçar linhas analíticas. Talvez em um primeiro momento, o filme possa soar uma obra vazia sobre o nada. Não é. Pelo contrário, é a transposição de buscar o próprio ser que está constantemente imbuído de outros seres sociais, e uma possibilidade de redescobrir a própria essência existencial. O longa-metragem norueguês (definindo-se como um filme de ator), dirigido por Oliver Giaever (que interpreta o próprio protagonista) e Marte Vold, ?embarca" solitariamente no desejo do protagonista Martin de se ?exilar" na natureza a fim de realimentar a paciência e a vontade continuada de se relacionar inter-pessoalmente com seus próximos. A narrativa pauta a trama em seus pensamentos em som "off" desordenados, livres; mitigados de ressalvas, tabus, culpas, desejos sexuais e imaginações projetadas (e personificadas) em tela. Assim, é inevitável que o espectador não se confronto com a própria vida, fazendo que, pelo menos no campo cinematográfico, se possa questionar nossa zona de conforto pela solidão alheia de se expandir a contemplação sobre as coisas e sobre nós mesmos. ?In Natura? referencia de um jeito único outros filmes que integram esse gênero de busca psicólogica-terapêutica, mas sem ser dramático-visceral-fatalista como ?Na Natureza Selvagem?, de Sean Penn ou sinestésico no limite como ?127 Horas?, de Danny Boyle ou o bobinho ?Livre?, de Jean-Marc Vallée. Lá, sozinho, Martin pensa o tempo todo, corroborando a máxima que não há como parar a agitação da mente, analisando subjetivamente (sem resultados definidos) seu casamento, seu filho, seu trabalho, morte, vida, e despertando ansiedades, medos, sonhos e "transmutações animalescas" e exacerbando neuroses e músicas ?Feel?, de Motorpsycho. Outro ?remédio" é poder desacelerar nossas correrias, e de novo permitir que possamos ?suportar" melhor a ?monotonia" (desencadeando ?brincadeiras" de imaginar a vida de estranhos nas janelas vizinhas a seu escritório), as manias dos participantes de nosso núcleo social e nossa timidez (que gera a incomunicabilidade e silêncios). Concluindo, em hipótese alguma, ?In Natura? é um exercício sobre o nada e sim um ensaio ?Big Brother? psicológico de recarregar energias dando um tempo do ?tédio-agitado? da vida moderna e da culpa já massificada que nunca sai. Recomendado.



loading...

- Crítica: Being Boring
Por Fabricio Duque Um dos principais questionamentos sobre o filme ?Being Boring? é a mensuração da experimentação cinematográfica. Qual é o ponto que uma videoarte transcende o limite da criatividade e se transforma em um sucessão pretensiosa...

- Crítica: Não É Um Filme Caseiro
Por Fabricio Duque Este Festival do Rio 2015 ?permitiu" que duas possibilidades acontecessem sobre o novo filme (e último) filme da diretora belga Chantal Akerman (de "Histoires d?Amérique?, ?The Captive?, "Je, tu, il, elle?). Na sessão (no Cine Joia)...

- Crítica: Clarisse Ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois
Por Fabricio Duque ?Clarisse Ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois? é o mais recente e aguardado filme do já conceituado diretor cearense, que fecha sua Trilogia da Morte, iniciada com ?O Grão?, de 2007 e de ?Mãe e Filha?, de 2011. Aqui é corroborado seu...

- Crítica: Permanência
Por Fabricio Duque ?Permanência?, estreia na direção do pernambucano Leonardo Lacca em um longa-metragem, foi o grande vencedor com cinco prêmios do festival Cine PE, incluindo o de Melhor Filme. É estrelado pelo ?multiuso? ator recifense Irandhir...

- Crítica: Livre
"Eu perdi minha mãe de câncer há três anos, então é claro que eu me relacionava com o tema. Eu chorei feito um bebê quando li o livro e disse: 'Sim, eu vou fazer esse filme e realmente prestar homenagem a minha mãe que tinha um forte caráter...



Cinema








.