Crítica: Homem Comum
Cinema

Crítica: Homem Comum


Por Fabricio Duque

?Homem Comum?, vencedor do Festival É Tudo verdade de 2014, representa outra obra híbrida (ficção e realidade) do documentarista Carlos Nader, que cada vez ?quebra? os parâmetros do cinema e surpreende com narrativas inventivas, não comerciais e que ?fogem? do senso comum. É um grande jogo de cena, em fotografia preto-e-branco, que ambienta memória e uma reconstrução ficcional, mostrando embates sinceros entre um pai e uma filha (?O senhor ia na zona, eu vou num restaurante?, diz-se críticas à criação da menina). A narrativa intercala dois personagens que falam em inglês sobre formigas e sobre dimensões. Apresenta-se uma vida comum, suas reações dramáticas, seus ?acertos de contos emotivos e sentimentais?, suas tentativas naturalistas não forçadas. Aqui, ?ensina? a ?assistir ao filme com convicção?, treinando ?os atores à naturalidade?. Questiona-se a real essência do documentário, intercalando, novamente, com um antigo filme estrangeiro dinamarquês (?Ordet?, de Carl Theodor Dreyer, 1955) e com o antinaturalismo da cena filmada e com exercícios estéticos (sonhos?). ?Qual o propósito??, daí é ?ofertado? ao espectador a história propriamente dita de como surgiu essa ideia para o filme, com imagens de arquivo, técnicas e perguntas (complexas) sobre o sentido da vida (metafísica á gente simples). ?Nunca tive a sensação de que a vida é estranha?, diz-se. Basicamente, inicialmente, é a vida sobre um homem comum em uma família comum, e assim tentamos descobrir aos poucos o caminho traçado e objetivado. Detalhes são inseridos. O patriarca caminhoneiro itinerante que transporta porcos, família religiosa, e então nosso personagem principal registra os acontecimentos de sua trajetória (a morte da esposa, por exemplo, incluindo o velório) e usa a câmera para ?imortalizar?. É um Big Brother temporal, de lembranças, filosofias ?abobadas? e ?filmes parecidos com a vida? (e pela possibilidade de ?se você voltar o filme, tá tudo direitinho?). É um botão de memória. Aqui, o documentário não busca esquecer nada, nem karaokê, tampouco culpas por sofrimentos alheios. Paralelamente,  o filme real com a versão exagerada inglesa. ?Medo da vida e da morte? e ?Nós dois precisamos da câmera para viver?. ?Homem Comum? é um filme que continua por vinte anos, que começou a acompanhar a vida do caminhoneiro Nilson de Paula em 1996, de emoção sincera, sobre um homem que acreditou inteiramente na vida. ?Vida absurda depois de tudo??, ?Não, acho que não?, finaliza-se. Concluindo, definitivamente não se deve falar quase nada sobre este filme, unicamente que deve ser assistido. Divertido, denso, livre, leve, solto, apaixonado, passional, resignado e obrigatório. Recomendado. 



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