Crítica: Mate-Me Por Favor
Cinema

Crítica: Mate-Me Por Favor


Por Fabricio Duque

?Mate-Me Por Favor?, que concorre ao Prêmio Redentor de melhor longa-metragem de ficção do Festival do Rio 2015, busca a ambiência do suspense psicológico, tendo como pano de fundo estudantes adolescentes, moradores da Barra da Tijuca. O filme, dirigido pela estreante carioca Anita Rocha da Silveira (dos curtas-metragens "O vampiro do meio-dia?, ?Handebol?, ?Os Mortos-Vivos?), que também assina o roteiro, busca traduzir a vida atual dos jovens, que tem que ?lidar" com o dia-a-dia da escola; vulnerabilidades sociais (a não aceitação por detalhes idiossincráticos); pais ausentes; existências ?independentes?, vazias , tediosas e desprovidas de maniqueísmos (não sabem o que é certo ou errado, já que não possuem limites e aprendem ?na marra?); a descoberta dos desejos sexuais (?em fogo? e sem prevenções - morais e físicas); a religião em ritmo funk (tendo como ?modelo" uma pastora com roupa de ?piriguete?); suas características intrínsecas (a de se ?aproximar" aos autores Augusto dos Anjos - explícito, e Edgar Allan Poe - implícito) e com suas curiosidades mórbidas (talvez uma forma transgressora de ?definir" o ?caracter?). O paralelo é criado com uma "onda" de assassinatos que invade o bairro. Entre as personagens, está Bia, uma garota de 15 anos, que após um encontro com a morte, fará de tudo para ter a certeza de que está viva. Esses ?menores" comportam-se como ?zumbis?, alienados pelo universo digital, pelo medo iminente da morte, contrastado com a ?superioridade" aparentada do ser, utilizando-se da arrogância da invencibilidade para ?tentar" uma sobrevivência, lembrando a violência gratuita de ?Laranja Mecânica?, de Stanley Kubrick e inferindo ?Corrente do Mal?, de David Robert Mitchell, este por seguir o caminho da naturalidade cotidiana espontânea (das conversas, brincadeiras da idade, silêncios incomunicáveis e personificação da loucura quase ?padronizada"). ?Mate-Me Por Favor? gera camadas em camadas. Sonho? Realidade? Vida pós-morte? Ou Lenda? (?Dê descarga três vezes, olhe no espelho e será a mulher do banheiro?). Definitivamente, não é um filme de fácil degustação, e sim altamente conceitual. Que bom que não é. Assim respeita o espectador que precisa ?ligar os pontos?. Como matar alguém que já está vivamente morto? Um elenco à altura, à moda ?Casa Grande?, de Felipe Barbosa, com destaque logicamente a sua protagonista e pelo irmão ?esquisito?, o ator Bernardo Marinho. Recomendado. Exibido na Mostra Horizontes do Festiva de Veneza 2015.



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