Crítica: Rota Irlandesa
Cinema

Crítica: Rota Irlandesa


Filme Quase Certo na 
Hora Quase Certa

Por Fabricio Duque

Como mensurar o tamanho do amor incondicional de uma amizade? A pergunta retórica é o ponto de partida  da questão-tema do filme "A Rota Irlandesa", do diretor britânico Ken Loach (de "Pão e Rosas", "Meu Nome é Joe", "A Parte dos Anjos"). O início apresenta amigos, em imagens de câmera super-8, trocando picardias, discurso enaltecedor em um enterro e o sofrimento consequente deste acontecimento de "estar no lugar errado, na hora errada". A narrativa utiliza-se da técnica teórica, perguntando o que não se sabe, gerando a referência estrutural de um filme de guerra psicológica, como no seriado de televisão "Homeland". O desespero do protagonista procede pela intensidade da irmandade com o falecido, já que cresceram e estudaram juntos. Fergus (o ator Mark Womack, de "The Runaway") recebe a notícia de que Frankie morreu na Route Irish, estrada iraquiana considerada a mais perigosa do mundo. Ao lado da mulher do amigo, Rachel (Andrea Lowe), ele investiga o ocorrido, descobrindo verdades que desafiam a memória dos dias felizes que passaram juntos. A narrativa traduz-se por detalhes (como o celular perdido) e por flashbacks em estilo proposital de câmera. As características sentimentais são exacerbadas, catalizando a raiva por meio da agressão física e mental, tanto individual, quanto alheia, sem conseguir confiar em ninguém, principalmente porquê não quer acreditar que talvez as respostas que recebe sejam a verdade. Há o jogo de futebol com olhos vendados, a transmissão pela internet, o cachorro sem uma pata, os "horrores" da guerra, a catarse da esteira de corrida, tudo é superexposto, exageradamente, cambaleando no limite tênue do clichê sôfrego (o bar, as boates, a procura por brigas - conduzindo ao limite, que gera o querer da desistência pela auto-flagelação) e a credibilidade realista da narrativa, intercalando-se imagens de combate ("tocando jazz nos tanques") para ilustrar a história contada.  "A música da Mesopotâmia no berço da civilização.", "Que civilização", dialoga-se. Nem tudo são rosas. Há deslizes como a falta de convencimento, quase encenado, ao tratar da tortura. "Às vezes, as coisas mais simples funcionam melhor", filosofa-se. O roteiro passeia entre o drama e a agilidade da perseguição, com frases de efeito, reviravoltas que despistam e confundem, mas que são apresentadas como óbvias, principalmente pela presença da música que manipula a condução do espectador, buscando a cumplicidade ingênua. Concluindo, um filme com prós e contras, tentando ser independente, realista, clichê, comercial, hollywoodiano, sentimental, agressivo, violento, de gênero guerra e espionagem e de princípio naturalista da amizade. De simples, o diretor Ken Loach não quer nada. Assume seu desejo pela auduência internacional. Em hipótese nenhuma é um filme ruim, apenas menor, se analisarmos a filmografia de Ken Loach. 




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