Cinema
Resenha de Filme: Pietá (Pietá, 2012)
Pietá, é uma obra de arte italiana, de Michelangelo, que representa Jesus Cristo sem vida e nos braços da Virgem Maria. Esse título já nos leva a imaginar que vamos percorrer uma trajetória de redenção, daquelas que para ser finalizada com sucesso precisará do perdão de uma das partes, o que nos retorna ao título do filme, que na tradução à língua brasileira significa piedade.
Nesse percusso iremos acompanhar Gang-Do, um funcionário de agiotas que persegue os devedores e lhes aleija para que o dinheiro do seguro de trabalho possa lhes permitir arcar com as dívidas. Sua vida é fria e solitária, sua rotina se resume a aleijar uma pessoa, se masturbar e comer alguma coisa sem tempero ou gosto. Sua vida começa a mudar quando uma misteriosa mulher aparece dizendo ser a sua mãe, que o havia abandonado por trinta anos. Isso irá criar um novo mundo para o cobrador, que apesar de rejeitar a ideia, termina se envolvendo e temendo sofrer com a vingança de suas antigas vítimas.
Pietá é um filme complicado daqueles que ao mesmo tempo pode ser intrigante, porém repetitivo. A crítica social com relação ao dinheiro é batida e, de certa forma, já cansativa. O que pode ser analisado, com olhar de total interesse, é o quanto o homem pode ser considerado um bom selvagem. Gang-Do era uma pessoa fria e que não se importava com as consequências dos seus atos. Sua conduta de vida só muda quando uma mulher aparece dizendo ser a sua mãe. O homem passou a ter aquilo que jamais teve, carinho, amor e atenção. Essas três novas conquistas foram capazes de mudar sua forma de agir, o que remete ao fato de seus atos serem fruto de sua criação solitária e jogada no mundo. Aleijar os outros foi a forma encontrada para sobreviver e não uma forma de viver com prazer.
Seguir a linha de raciocínio citada acima seria uma grande oportunidade de estudo do comportamento humano. Nortear as possibilidades desencadeadas por nossos atos e tomadas de decisão seria uma aposta muito acertada por parte do diretor Kim Ki-Duk. A questão é que ele decidiu fazer de Pietá uma história sobre o sentimento de vingança e o quanto ela pode ser dolorosa. Essa ideia é interessante, porém faz com o que filme perca toda a linha magistral que vinha seguindo. Confesso que esperava mais, apesar de achar boa, uma produção que se tornou vencedora do Leão de Prata do Festival de Veneza do ano passado. Fiquei assim com a sensação de estar diante de uma película acima da média, mas daquelas que tinha dois caminhos a escolher e seguiu para o mais fácil.
No quesito de atuações, destaque para Min-soo Jo, que por muitas vezes é a responsável por carregar a produção das costas. A atriz consegue transmitir a carga de sentimentos de uma mãe triste e disposta a ser diferente, sendo responsável, pelo êxito, da reviravolta proposta pelo diretor. Jeong-jin Lee não funciona muito bem como o protagonista do filme, que por vezes parece ser apenas forçado, sem causar a estranheza que o público precisa e sem conseguir obter a pena de quem deveria a posterior. Isso prejudica a produção, que mesmo cambaleando, consegue obter a redenção de seu personagem.
Pietá é um desses filmes, que se assistido sem grandes expectativas será sensacional, porém, como já disse, esperava mais dessa, premiada, película. Novamente repito que não se trata de um filme ruim, aliás é sim bom, porém juro que esperava algo mais. De impacto inicial a violência e a crueldade me assustaram, mas depois daquela reflexão percebi que estávamos diante de algo que já tinha conferido várias outras vezes.
Trailer do Filme:
Ficha técnica:
Diretor: Ki-duk Kim
Elenco: Min-soo Jo, Eunjin Kang, Jae-rok Kim, Jeong-jin Lee, Ki-Hong Woo, Jin Yong-Ok
Produção: Kim Soon-Mo
Roteiro: Ki-duk Kim
Fotografia: Jo Young-Jik
Trilha Sonora: In-young Park
Duração: 105 min.
Ano: 2012
País: Coreia do Sul
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Califórnia Filmes
Estúdio: Fine Cut / Good Film
Classificação: 16 anos
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