Resenha de Filme: Terra Prometida (Promised Land)
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Resenha de Filme: Terra Prometida (Promised Land)




Promised Land seria a estreia de Matt Damon como diretor, porém alguns contratempos surgiram e o astro preferiu deixar o trabalho de direção com Gus Van Sant, com quem já havia trabalhado em Gênio Indomável e Gerry. O filme chegou a ser cotado para a temporada de premiações 2013, mas de fato não é merecedor de tal reverência. Coloco um pouco desta situação no fato de Sant ter caído de paraquedas na obra e não ter tido tempo hábil de conhecer o tema abordado e imprimir mais de seu trabalho no roteiro.

A trama aborda o personagem Steve Butler, um representante de uma grande organização que trabalha com a distribuição de Gás Natural. Sua missão é a de conseguir adquirir terras para exploração e que garantam a expansão da companhia  Muito competente Buttler chega a ser promovido enquanto deve realizar a compra de terras de uma pequena cidadezinha rural. O que ele não esperava é que, neste singelo local, suas promessas de dinheiro fácil não seriam muito bem vistas e se estabelece uma resistência quanto a chegada de sua empresa na região. Tudo seria resolvido através de uma votação e para dificultar ainda mais seu trabalho uma empresa ambientalista aparece para conseguir mais votos negativos as mudanças propostas.

O novo filme de Gus Van Sant consegue imprimir um ritmo agradável e consegue atingir a atenção do espectador. Isso é inegável, porém a produção falha ao tomar parte de um lado da disputa proposta e termina oferecendo algumas reviravoltas forçadas e não muito críveis para quem desejava algo mais. O roteiro parece querer descambar no final para uma conclusão previsível e mal articulada. Na minha singela opinião faltou argumentos mais poderosos para a mudança de postura que culmina no término da obra. Isso sem contar aqueles clichês de todos os filmes que abordam cidades pequenas: Garçonete, bebedeira, professora solteira e um velho sabido. Ainda bem que eles existem, mas não são tão explorados. 

Escrevendo deste jeito parece que não gostei da obra, porém admito que ela possui muitos aspectos interessantes. O primeiro de todos é abordar um tema recorrente e o eterno debate entre o homem e  natureza. Esse é um assunto que jamais se tornará cansativo. Outro ponto interessante é analisar o poder e a forma de pensamento das organizações, que pouco pensam nas consequências que seu lucro pode causar. Engraçado como isso ainda existe diante de um período em que a responsabilidade socioambiental seja tão considerada. Podemos analisar o pensamento dos funcionários com relação a este dilema. Existem aqueles que se sentem balançados por saberem que estão manipulando vidas e pessoas, por outro lado, existem aqueles que estão preocupados com o pagamento que receberão no final do mês e em concluir logo a atividade para retornar para casa. Existe uma frase interessante do filme, que o personagem de Matt Damon diz, e que nos remete a reflexão: "Eu não sou um cara mau". Concordo com ele e seu personagem chega a ganhar o apresso do espectador. Ele é alguém que está ali cumprindo sua missão como funcionário de uma grande corporação. Podemos execrar ele? Seríamos diferente?

É uma pena saber que Van Sant não fazia parte do time desde o início da produção e não teve o tempo hábil para fazer dela o trabalho sensacional que merecia. Mesmo com o pouco tempo que teve e o pouco conhecimento sobre o assunto, admitido por ele em entrevistas, o diretor conseguiu realizar uma obra interessante, mas que poderia ser muito mais do que foi. Quando pôde ser polêmica, a obra ficou em cima do muro, quando deveria ficar em cima do muro, ela assumiu um dos lados. Faltou algo mais no roteiro para tornar este trabalho, que garante entretenimento, algo mais.




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