
O filme na verdade estreou em Sundance, em janeiro de 2009, e desde então vem tendo dificuldade de encontrar distribuição. Foi reeditado pra ser mais “aceitável” para o “respeitável” público, e ainda assim só vem chegar aos cinemas na metade de 2010. A direção é da dupla John Requa e Glenn Ficarra, dos quais eu nunca havia ouvido falar. Eles também são escreveram o roteiro.
A história é uma adaptação do livro de Steve McVicker sobre Steven Jay Russell, feito pelo Jim, um estelionatário extremamente inteligente que foi condenado à prisão por inúmeros crimes e conseguiu escapar diversas vezes da cadeia. Steven era um pai de família e cristão devoto que assume sua homossexualidade depois de constatar a efemeridade da vida após sofrer um acidente de carro.
Aí ele começa uma vida de luxos, que ele não pode manter, na Flórida, ao lado do seu namorado Jimmy, feito pelo Rodrigo Santoro. Então ele é preso por estelionato e lá se apaixona pelo Ewan McGregor, o Philip Morris do título original, seu parceiro de cela. Só que após um tempo eles são separados na cadeia, e aí começam fugas e mais crimes pra que eles possam ficar juntos.
Jim Carrey tá no seu nicho ideal. Comédias onde ele pode ser careteiro à vontade, mas o que leva o filme a ser bom é a qualidade do roteiro, que não é previsível nem de mau gosto, a história é bem contada, e o elenco todo ajuda muito. Ewan McGregor de donzela indefesa ficou qualquer nota. Uma quase Branca de Neve. Ele meio que tem essa “vibe” sentimentalóide, além da veia cômica, então não deve ter sido difícil escalá-lo pra esse filme.
Rodrigo Santoro não tem lá muitas falas, mas achei meio esquisito ele com aquele sotaque estrangeiro e ser chamado de Jimmy. Mas pode ser apelido, sabe-se lá. Mas o sotaque dos brasileiros que falam bem inglês (como o do Rodrigo, Bruno Campos, Alice Braga, Sônia Braga, as modelos, etc.) é muito menos macarrônico que os dos outros latinos e estrangeiros. Dá só uma olhada nos sotaques da Salma Hayek, Penélope Cruz e do Javier Bardem, e até da Marion Cotillard. E são todos indicados ou vencedores do Oscar com carreiras sólidas em Hollywood.
Sinceramente não entendo porque nenhum deles conseguiu ainda uma carreira interessante em terras gringas. Sônia Braga começou, só fez filme fraco, mas abriu as portas. Alice e Rodrigo têm feito uns filmes melhores, Bruno Campos tem feito participações interessantes em séries de TV importantes, mas nunca estouraram de fato. Mas isso já mostra um progresso. Parece que a bola da vez agora é Juliana Paes (creio em Deus pai...)
Em resumo, o filme é uma visão interessante e bem humorada de uma história real, que não é tão engraçada assim. Mas aí é que entra a magia do cinema, fazer do limão uma limonada. Nem sempre o resultado é uma limonada, visto que por vezes fazem um filme que em nada enaltecem a imagem do retratado, tipo Cazuza. Espero que o filme repercuta um pouco mais e seja lembrado nas próximas premiações. E ainda vou aguardar mais pra ver a versão sem cortes. Normalmente são bem melhores.