Crítica: 007 Marcado Para a Morte (007 The Living Day Lights)
Chegamos agora a uma nova, e polêmica, fase do agente 007 nos cinemas. Roger Moore, que por muitos anos deu vida ao personagem finalmente havia se afastado dos filmes e estava na hora de Timothy Dalton assumir a missão de interpretar Bond. Quando Sean Connery saiu da franquia e não participou de "007 A Serviço Secreto de Sua Majestade", Dalton já havia sido cotado para o papel, mas julgando ser jovem para a missão decidiu recusar o convite. O quarto Bond é o mais polêmico de todos. Enquanto grande parte dos fãs acham Timothy Dalton o pior Bond de todos, outros o consideram simplesmente sensacional. Eu faço parte daqueles que gostaram do seu trabalho e apreciaram seus filmes. Na verdade alguém, que infelizmente não me recordo, um dia comentou comigo: O Bond de Timothy Dalton é o mesmo de Daniel Craig, sendo a grande verdade o fato de que o público ainda não estava pronto nos anos 80".
A trama é uma das mais bem amarradas de toda a franquia. Bond tem como missão dar cobertura a um general da KGB, que pretender desertar em fuga para a Inglaterra durante um concerto musical. Na ocasião uma das violinistas tentam assassinar o general, mas no ato não aparenta saber lidar com armas, o que deixa 007 intrigado. Começa então neste momento uma investigação que pretende comprovar que a deserção era pura faixada e parte de um plano que merecia ser descoberto e evitado de se consolidar.
Dalton entrega aqui um personagem completamente diferente daquilo que estávamos acostumados a ver com seu antecessor. O ator sempre foi tão dedicado a seus trabalhos, que uma das lendas dizem que quando contratado ele parou para ler todos os livros de Ian Fleming, criador do agente, com o intuito de recriar uma representação fiel de James Bond. De fato ele fez um grande trabalho e nos brindou com um personagem denso e humano ao menos tempo. Nesta produção também somos apresentado a uma nova Moneypenny, que não possui nem pouco do charme e carisma de sua antecessora, mas que garantiu presença na continuação.
Como disse anteriormente o roteiro é muito bem amarrado e todos os passos de Bond coesos e interessantes. Todos os personagens são bem trabalhados e importantes para o desenrolar da história. Um problema que a produção enfrentou foi o fato de ser rodada em plena a época da descoberta da AIDS o que fez com o galanteador Bond se resuma a dar em cima de apenas uma mulher, que por sinal não tinha a beleza de quase nenhuma Bondgirl anterior. John Glen continua aqui sua intenção de deixar o personagem mais sério e próximo de acontecimentos reais, o que parece ter se sido o ápice dos quatros filmes que dirigiu. Além de continuar muito seguro, as cenas de ação estão realmente espetaculares. Nesta produção também nos despedimos de John Barry, que pela última vez foi responsável pela trilha sonora de um filme do agente secreto. Fiquei impressionado quando ouvi a música tema do agente sendo mesclada entre efeitos eletrônicos e orquestrais, oferecendo uma grande inovação para a época. Confesso que não esperava muita coisa da produção, mas ela me surpreendeu e muito positivamente.
Não sei dizer se já estava cansado das brincadeiras de Roger Moore, mas foi com braços abertos que acolhi este filme como um dos meus favoritos de toda a franquia. Alguns acham uma mudança muito brusca, mas estou com a crítica e público da época, que terminou ovacionando a produção. Timothy Dalton, apesar de ter em alguns momentos uma cara de bobo, realmente me surpreendeu.
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