Crítica: 007 O Espião Que Me Amava (007 The Spy Who Loved Me)
007 O Espião Que Me Amava é um grande marco da franquia, não somente por ser o melhor filme da era Moore, mas também por ser o décimo longa sobre o agente secreto. Não é todo dia que um personagem é visto 10 vezes nos cinemas e é exatamente por isso que homenagens a sua história seriam no mínimo necessárias. Existem tomadas submarinas com clara referência a 007 Contra a Chantagem Atômica e também um sequência muito bem elaborada em um trem, que remete a Moscou Contra 007. Isso tudo sem mencionar outras diversas citações, que deixo em aberto para que o espectador que se sentir motivado a assistir ou revisistar a obra possa se divertir.
A trama que envolve Bond neste episódio gira em torno do desaparecimento de submarinos nucleares. O inimigo da vez não diferencia Russos e Ingleses o que faz com que ambos os países se demonstrem interessados em sua captura. a particularidade do evento gera uma improvável parceria entre o melhor agente britânico, Bond, e a melhor agente russa, Triplo X. Juntos eles terão que descobrir o responsável pelos desaparecimentos e evitar uma guerra nuclear. O que eles não sabem é que, em sua última missão, Bond matou o agente russo que era par romântico de Triplo X.
Por ser uma obra feita com muito cuidado, os produtores e diretores resolveram pisar o pé no freio com relação a todo aquele humor que haviam implantado na série após a entrada de Roger Moore. A seriedade adotada realmente faz com que espectador leve mais a sério os acontecimentos e acredite na eminente possibilidade de uma guerra nuclear. Pena que o roteiro não tivesse deixado espaço para uma construção de um vilão tão boa quanto foi a do filme anterior, O Homem Com a Pistola de Ouro. Karl Strumberg não convence, mas este não lá um grande problema, pois é nesse longa que surge um dos antagonistas mais marcantes de toda a franquia: Jaws. O mero capanga rouba a cena e carrega consigo uma áurea de perigo assustadora. Muito disso diz respeito a atuação de Richard Kiel, que não precisa dizer uma palavra para assustar a todos com seus dentes de aço.
A essa altura do campeonato, Moore já está em total zona de conforto com o personagem e muito pouco acrescenta a sua atuação. O que salva é seu carisma no relacionamento com a agente russa. Por falar nisso, a grande coragem da trama é criar esse relacionamento, pois o longa fora rodada no auge da guerra fria e trabalhar com o inimigo era o que ninguém imaginava ser possível. A questão é que nunca dedicaram tanto cuidado a uma produção ao ponto de garantir uma direção de arte maravilhosa, como o cuidado que tiveram junto a uma das melhores aberturas da série, uma fotografia magnífica, que pode ser conferida nas cenas da pirâmides e a trilha sonora, que conta com uma música muito bem elaborada, que foi indicada ao Oscar.
Para ser perfeito, o filme poderia ser mais enxuto e ter evitado as perseguições intermináveis ou as reviravoltas no jogo de duas caras dos agentes. O roteiro se apresentou raso em alguns aspectos, mas todo o esforço e dedicação faz deste um episódio maravilhoso da franquia. O próprio Moore abre a boca para dizer que este é seu melhor filme como Bond e eu tenho que concordar.
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