Cinema
Crítica: A Montanha Matterhorn
Por Fabricio Duque
?A Montanha Matterhorn? apresenta-se como uma fábula de aceitação do comportamento social. A narrativa parte da consequência à causa, mostrando preconceitos ?manipuláveis? por uma fotografia de cores vivas e infantis, quase uma animação. É um filme minimalista, buscando nos detalhes e nas pequenas ações cotidianas contar uma história. Logicamente, para que uma recente ?identidade? seja construída, é necessário que as causas ?sintomáticas? do passado existam. Ninguém vive o ?está sendo? sem as experiências de algo que já aconteceu, na maioria, por um mínimo catalisador. O diretor Diederik Ebbinge, estreante em um longa-metragem cinematográfico, busca a metáfora do transtorno compulsivo obsessivo do comportamento humano e uma sutil autoajuda de ?libertar? o protagonista da inércia resignada em que vive. Quando a vida ?permite? que saia de sua zona de conforto e confronte seus erros e preconceitos, então podemos captar a redenção de um homem. Quando enfrenta um medo ?misterioso?, massificado por não se sabe bem quem, tampouco quem o perpetuou, então talvez ?chegue mais próximo de Deus?. A máxima ?se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé? ilustra de forma pertinente os objetivos esperados do filme. O espectador referencia aos filmes ?A Vila?, de M. Night Shyamalan, ao ?Fita Branca?, de Michael Haneke e ao ?Dogville?, de Lars Von Trier, mas sem a violência, suspense e manipulação psiquiátrica, conservando somente a estrutura de uma pequena e intolerante aldeia na Holanda. O personagem principal vivencia uma vida pacata, viúva, solitária, calvinista, regrada, sistemática e pontual, jantar sempre no mesmo horário. A trama ?procura? a dualidade perceptiva. Confunde a fim de conduzir à mensagem. Questionamos se a intenção representa um querer ?obscuro? da própria alma ou de outra pessoa; se a ?paternidade? é uma prestação de contas do passado; e ou se é apenas um ato altruísta de ?bom samaritano?. Não podemos negar que o sentimentalismo existe, na forma de câmeras lentas e ou no ?triunfal? encerramento. Anda-se para correr no final. Concluindo, um filme que utiliza a hipocrisia para dar liberdade. Uma fábula de se aceitar, arrumar e ?sair? do armário, sendo ou não um adulto com mentalidade infantil, deturpando realidades e aprendendo a conviver ?decentemente? em sociedade. Trocando em miúdos, uma sessão da tarde menos comercial e mais independente.
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