Crítica: Blind
Cinema

Crítica: Blind


Por Fabricio Duque 

?Blind? representa a estreia em um longa-metragem diretor norueguês Eskil Vogt (que roteirizou ?Oslo, 31 de Outubro?, ?Começar de Novo?). Neste, ele também escreve a história. A narrativa segue o existencialismo, personificando o interno no mundo exterior, pela percepção de uma cega (a atriz Ellen Dorrit Petersen), que prefere o isolamento em sua própria casa, lugar que se sente mais segura. O espectador é constantemente confundido entre realidade, ficção, projeção, sonhos, vinganças, loucuras, medos e limites da personagem, fazendo com que a estrutura cinematográfica encontre o estilo metalinguístico e psicológico do roteirista Charlie Kaufman. Vivenciamos estágios mentais e pensamentos inventivos, mesclando personagens, personalidades e transposições solitárias. Não há pudores e possibilidades, visto que é quase impossível ?domarmos? nossas mentes. A ?biografia? ficcional funde-se a quereres inversos, deturpados e livres, mas de autojulgamento. O filme comporta-se reflexivo e de incisão narrativa, cujos lapsos de memória interferem na própria compreensão narrativa de elipse. Independente da deficiência visual, a personagem continua sendo e tendo características inerentes, o ciúme por exemplo. E toda ?vingança? cruel e imaginária é permitida, a fim de expurgar as faltas que o ?estágio atual? consiste (até pela ?reconstituição?). Uma delas, a total insatisfação dada ao marido (ou apenas percebida ? o ator Henrik Rafaelsen, de ?Happy Happy? ). O roteiro experimenta quase em tempo real, quase em documentário de arquivos de internet, as angústias vulneráveis e frágeis reações. ?Blind? é uma terapia natural de aceitação. De estágio a estágio. Um processo da histeria quase silenciosa da depressão à volta por cima (e vencer o maior perigo que está dentro de si mesma ? quando as lembranças visuais do mundo que conheceu vão desaparecendo gradativamente). É um filme que ?instantes? são manipulados e faz com que a inteligência de quem assiste seja respeitada, ao juntarR o quebra-cabeça das ?dicas?. ?O real não importe, desde que eu visualize bem?, diz-se. Recomendado. ?Blind? venceu na categoria Melhor Roteiro no Festival de Sundance 2014. 



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