Seção CINEMA // Crítica Equus (1977)
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Seção CINEMA // Crítica Equus (1977)


Conflitos Internos

Equus


Nota: 9,0

Equus é uma peça teatral antiga. Eu confesso que só tomei conhecimento da sua existência quando o Harry Potter Daniel Radcliffe começou a encená-la em Londres. Ela ganhou fama momentânea porque o Harry Potter mostra a sua varinha de condão, e, sinceramente, essa fama não faz justiça ao conteúdo da obra. Pesquisando sobre o Oscar há algum tempo, eu descobri que houve também uma adaptação para cinema feita pelo diretor Sidney Lumet nos anos 70. Sydney fez fama em Hollywood por dirigir filmes bastante prestigiados nos anos 70 e 80, como Longa Jornada Noite Adentro, Assassinato no Expresso Oriente, Rede de Intrigas, Um Dia de Cão e, mais recentemente, Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto. Há outro filme dele que eu adoro também, chamado O Peso de Um Passado, com o River Phoenix adolescente.

Bom, o filme é estrelado pelo Richard Burton, grande ator inglês famoso por ser um dos 5634382 maridos da Elizabeth Taylor. Na verdade ele foi o grande amor da sua vida. E esse filme o rendeu uma de suas indicações ao Oscar. Mas as cenas de nudez não partem dele, e sim de Peter Firth, então com 25 anos. O Peter também fazia a versão teatral da peça na época, tanto em Londres, quanto na Broadway, o que lhe rendeu alguns prêmios e indicações.

A história é sobre um psiquiatra que começa a tratar um rapaz que cegou diversos cavalos num estábulo onde trabalhava. Ele mantinha relações sexuais, baseadas numa estranha adoração ou devoção aos animais. Ao se aprofundar no tratamento do rapaz, ao ver seu histórico familiar, suas relações sociais, seus conflitos pessoais, ele passa a se identificar com a perturbação dele e a questionar sua competência profissional.

Isso deve ser algo que deva acontecer com todos os terapeutas, psicólogos e psiquiatras. A trama tem certo tom pessimista que reflete as angústias da dupla principal, principalmente a do profissional, que narra a história a partir do seu ponto de vista, que é intercalado com os próprios depoimentos do garoto durante seu tratamento.

A produção cinematográfica foi criticada na época por ter usado animais de verdade no filme (um momento meio Buñuel) e também por usar cenários, já que a peça teatral baseava-se apenas nos diálogos e nas performances sem mais nenhum adorno cênico. Creio eu que deva ser algo parecido com Dogville. Alegaram que acabou perdendo o encanto que a obra tinha no teatro. Não vi a peça, então não tenho base de comparação, mas acho que Lumet tomou a decisão correta. Fez do filme algo diferente da peça, uma visão diferenciada.

Eu recomendaria o filme, caso o interesse não fosse apenas as cenas de nudez . Com certeza elas desapontarão, pelo conteúdo nada erótico que elas apresentam. Sem contar também, que seria uma visão muito unilateral de algo maior, com outros propósitos, mas ninguém me escutaria mesmo. Então só posso sugerir que vejam com a mente aberta e com outras expectativas.



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