Seção CINEMA
Cinema

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A Fogueira das Vaidades

Sex and the City

Nota: 4,0


O seriado de TV era até engraçadinho na mior parte do tempo, mas o filme é um lixo. Achei frívolo e vazio. Além de ofensivo. Primeiro pela tal cena preconceituosa em que uma delas tem diarréia porque bebeu água no México. Cuidado! A América Latina é venenosa! Celeiro de doenças. Afaste-se! E segundo porque generaliza os homens através das personagens masculinas estereotipadas no filme. Um covarde, um adúltero, um mulherengo (que só fala uma única vez, mas aparece nu em todas as suas cenas) e outro ausente. O único “correto” é um bestão lá marido de outra idem. A mesma toupeira da diarréia. Já que os homens são tão ruins assim, fiquei surpreso ao não vê-las todas virarem lésbicas no final, assim elas não teriam mais que conviver com eles.

Ou seja, o filme vem com um discurso que tenta ser feminista tipo “men are crap”. Tudo muito profundo e bem desenvolvido que nem merece ser chamado de feminista. É ofensivo ao movimento, que é infinitamente superior à essa discussão sem sentido. E esse pensamento parte de quem? Das quatro protagonistas ilustres, esclarecidas e formadoras de opinião: a consumista fútil, a frígida fria e pseudo-intelectual, a songa-monga demente e a ninfomaníaca. De todas elas, a única que é engraçada é a tarada, a Samantha da Kim Cattral, que dá vida ao filme. Partem dela as únicas falas interessantes. Todas as outras dão nos nervos de tão chatas. E o tal discurso “feminista” do filme acaba ficando mais ridículo do que já é naturalmente por partir desses espécimes ímpares do sexo feminino e porque elas vivem em função dos homens. Ou seja, elas ofendem todo mundo incluindo elas mesmas no final das contas. Esse texto só poderia ter sido por um homem! Na verdade deve ser um homem frustrado por não ter nascido mulher. Só isso explica. Uma mulher de verdade não faria um roteiro tão ridículo. Em suma o filme de feminista não tem nada. É só consumista e medíocre, porém metido a inteligente.

Como nada pode ser tão ruim assim, a melhor coisa do filme é a presença da Jennifer Hudson, que está muito, mas muito melhor, do que no Dreamgirls, que a deu um Oscar, onde ela interpreta uma versão caricata dela mesma. Aqui ela aparece mais vulnerável e sensível, uma interpretação mais madura e realista. Dá um banho nas protagonistas.

Se você for diferente de mim e consegue abstrair (ou não captar) tudo isso que eu falei, ou concordar com o que o filme propaga, com certeza vai se divertir.


Parente Serpente

O Sonho de Cassandra // Cassandra's Dream

Nota: 8,5

Gosto do Woody Allen. Como diretor e roteirista. Quando ele atua nos filmes, normalmente estraga a produção. Para o meu gosto, evidentemente. Principalmente por ele criar personagens próprias para ele e tentar passar uma imagem meio “galã irresistível” (porém sempre irritantemente neurótico) de si mesmo que não combina com presença cênica. Fica até ridículo, eu acho. Ele sempre arruma romances com mulheres que na vida real nunca nem olhariam para ele. Em Scoop, ele deixa essa parte pro Hugh Jackman e ele faz o mágico medroso, feiosinho e engraçado. Aí funcionou! Não duvido nada que ele gostaria de ter protagonizado A Rosa Púrpura do Cairo no lugar do Jeff Daniels. Ia acabar com o filme.

Aqui ele não atua. Ainda bem! Na história, dois irmão, Ewan McGregor e Colin Farrell, que estão enfrentando problemas financeiros, acabam aceitando uma proposta pra lá de indecorosa um tio bem sucedido (Tom Wilkinson de Conduta de Risco, Entre Quatro Paredes, etc.) em troca de dinheiro. Uma situação meio Fargo (não queiram comparar os dois filmes, são diferentes), em que nada dá certo e vai virando uma bola de neve aumentando cada vez mais. O clima de caos silencioso que se desenrola juntamente com os ataques de mea-culpa do covardão feito pelo Colin Farrel são hilários. A maioria dos críticos gongou o filme e as interpretações, mas eu gostei muito. Não esperava que o Colin tivesse esse lado cômico não.

O final me decepcionou um pouco por ser muito abrupto. Dá a sensação que faltou alguma coisa. Mas essa é outra característica do Woody. Desde Match Point ele vem fazendo filmes fora da sua adorada Nova York (provavelmente por falta de financiamento das bandas de lá, já que ele não vende no seu mercado natal, que prefere coisas tipo As branquelas ou qualquer bobagem similar) e apostando no humor negro, nas comédias de erros. Talvez tentando se aproximar do gosto do público europeu, que é seu principal público na atualidade.




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